Terno Rei no Circo Voador: “Fenômeno”

foto por @patiburlamaqui para @vivendodeshows / reprodução instagram @circovoador

Conforme os anos passam e você vai ficando mais velho, surgem na mente, de forma bastante inevitável, algumas frases e ideias que soam quase cringe. Elas acusam a sua faixa etária, seus anos de guerra. Talvez a mais clássica seja dizer “eu peguei você no colo” pra uma criança que agora tem dez anos e ainda não tem a menor ideia do que fazer com essa informação. Afinal, quando nós mesmos tínhamos dez anos e alguém nos falava isso, nós também não sabíamos o que fazer com isso.

Tenho um tanto disso com a banda Terno Rei. Seu primeiro show que assisti no Rio de Janeiro foi no finado Aparelho, em abril de 2019 (dois anos depois de terem me apresentado a ela). Era uma casa de show num sobrado, mal cabiam 50 pessoas. Violeta havia sido lançado há dois meses e a banda ainda não tinha estourado. Boa parte do repertório privilegiava os dois primeiros álbuns, e as pessoas cantavam empolgadas as músicas do Essa Noite Bateu Como um Sonho, um favorito pessoal – já que este texto é pessoal. O segundo show veio sete meses depois, no finado Espaço Kubrick (que havia tomado lugar do histórico e também finado Espaço Acústica) e, nesse momento, não só a casa de show era maior, como seu público era mais numeroso e mais entregue. Violeta foi, e ainda é, um sucesso, um divisor de águas na vida da banda.

Chego ao 21 de junho de 2025, uma pandemia e três álbuns depois (em especial, Nenhuma Estrela, qu ganhava ali seu lançamento), a uma das casas de show mais importantes do Rio de Janeiro – Circo Voador -, em um show lotado por um público apaixonado. Casa cheia, um sonho de qualquer banda. Nenhuma das canções do repertório deixou de ser acompanhada, principalmente quando pequenos problemas técnicos aconteceram. Ale Sater, o vocalista, confessou em dado momento que havia “acordado meio jururu” e que ver o público daquela forma melhorou bastante seu dia.

Dessa vez, os dois primeiros discos ficaram para trás, com exceção de Criança. A viagem pelos últimos álbuns acompanhou hits, embalou casais, emocionou algumas centenas de corações e ainda garantiu repetidos gritos de que Terno Rei “é a melhor banda do Brasil”. Há um quê de nostalgia neste texto-resenha: É como virar pra uma criança de dez anos e falar “eu te peguei no colo quando você era um bebê”. E eu sei que isso soa piegas. Mas é bonito ver o que uma banda que você “viu nascer” se tornando o fenômeno que é, mais ainda, ganhando um significado tão bonito pra tanta gente.

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