Papo em Dia: Vanessa Bumagny

Aqueles nomes que já apareceram pelo Música Pavê em algum momento no passado e deixaram saudades retornam para colocar o Papo em Dia com quatro perguntinhas.
Vanessa Bumagny
O que aconteceu desde a última vez que nos falamos?
“Aconteceu a vida, né? Continuou acontecendo. Minha mãe faleceu, o que foi algo muito marcante. Isso mudou muita coisa em mim, me deu um senso de urgência — talvez também herdado da pandemia — uma sensação de que a vida é efêmera, de que a gente precisa viver mais próximo da nossa essência.
Tive momentos difíceis, pensei em desistir da música, me isolar. Mas pessoas apareceram e me incentivaram a continuar, tanto na música quanto em outras áreas da vida. Voltei a gravar, lancei dois singles desde então. Meus discos têm longos intervalos… o último foi em 2022, o próximo talvez só em 2026. Mas, considerando o tempo desde Tudo Está Bem, muita coisa conspirou para eu continuar fazendo arte, estar perto dos cavalos (que me mantêm sã), e acreditar de novo na carreira de compositora independente”
O que mudou e o que não mudou na maneira como você vê a música nesse período?
“Mudou e não mudou. Eu sempre fui meio chata com música. Gosto de pouca coisa e continuo assim. Mas, quando gosto, gosto de verdade. Tenho dificuldade com o que vira modinha. Me irrita quando parece que é obrigatório ouvir algo só porque está bombando. Eu conheço os bastidores do show business, sei que há uma máquina por trás de certos sucessos. Mas me surpreendi, por exemplo, com Billie Eilish. Apesar de todo o hype, me vi ouvindo com emoção. Me tocou de verdade. Fiquei até irritada por estar gostando de algo tão mainstream (risos).
A maturidade também mudou a forma como lido com a música e comigo mesma. Hoje, sou mais sábia, me atormento menos com bobagens. Ser mais velha tem muitas vantagens. Sinto que estou melhor a cada dia, mesmo com os perrengues. A vida não é um show: ela é o cotidiano, a insônia, o dia a dia. E talvez nada tenha mudado tanto assim, mas continuo”
Quais são as suas novidades?
“Estou preparando um novo disco e, pela primeira vez, ele não será 100% autoral. Decidi incluir canções de outros artistas que me tocam profundamente. Gravei músicas de Guilherme Arantes, Marília Mendonça e até Entre Tapas e Beijos. Tentei gravar Nuvem Passageira, mas não consegui a liberação.
É uma novidade grande pra mim, porque sempre fui uma cantora de discos autorais. Meus trabalhos anteriores sempre foram com composições minhas (com exceção de um Chico Buarque no primeiro disco).
A ideia é dar um olhar autoral à interpretação. Às vezes, a gente canta histórias de outros porque não conseguiu contar aquela história com as próprias palavras. É também uma forma de se libertar da auto-obsessão do ‘eu, eu, eu’ o tempo todo”
Quais outros artistas e bandas você tem escutado?
“Tenho ouvido bastante o disco Vaidosos Demais, do Rafael Castro. Ouvi no repeat, inclusive tem uma música que gravei com ele. Adoro como ele fala de coisas que ninguém mais fala — como em Pessoal da Claro ou Nunca em Nome de Satã. Ele é genial.
Também redescobri Laura Finocchiaro, com quem cantei recentemente uma música dela com Tom Zé. Foi um mergulho na obra dela, que eu ouvia nos anos 90. Ela é uma querida, muito talentosa.
Outros artistas que ouvi recentemente: Luiza Lian, Heloísa Ribeiro (minha parceira, que lançou um disco lindo), Zeca Baleiro (lançou um disco de piano belíssimo), Juan Luis Guerra — apesar de ele ter se tornado mais religioso, adoro a música dele — e Willie Colón, que minha esposa me apresentou. Amo salsa!”
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