Papo em Dia: Pfink

Aqueles nomes que já apareceram pelo Música Pavê em algum momento no passado e deixaram saudades retornam para colocar o Papo em Dia com quatro perguntinhas.

Pfink

O que aconteceu desde a última vez que nos falamos?

“Faz apenas seis meses que lancei Tocandira, meu último álbum, o que na era do streaming parece uma eternidade. Acho um pouco frustrante que, hoje em dia, álbuns no geral não sobrevivam muito tempo após o lançamento, e tudo deixa de ser novidade muito rápido. Por isso, ao invés de embarcar num novo projeto, achei que seria interessante dar continuidade à divulgação do álbum mesmo após meses de lançado, com uma visão mais objetiva do meu próprio trabalho. Quando um álbum é lançado, o artista está muito apegado a ele, ainda imerso naquele processo longo de concepção, produção, mixagem e mil planejamentos, e é muito fácil se perder no caminho. Agora que está no mundo há um tempo, me sinto muito mais à vontade para focar em outros aspectos. Por isso, decidi lançar agora o clipe de Verão Bahia 96, e o timing acabou sendo perfeito, porque uma das inspirações pra letra da música é justamente o Carnaval de Salvador”

O que mudou e o que não mudou na maneira como você vive a música nesse período?

“Como artista independente, acho que a grande armadilha hoje é a pressão para estar sempre lançando algo e alimentando o público com novidades o tempo todo. É uma ideia que pode interferir muito negativamente na forma que vemos e fazemos nosso trabalho. Vivemos numa época de sucateamento da criatividade. Durante um tempo, tentei seguir umas receitas que eram totalmente contra o que eu acreditava, e foi quando obtive meus piores resultados. Hoje, mais do que nunca, acho que é um privilégio imenso ter tempo e energia pra produzir arte, e desperdiçar esses recursos com coisas nas quais você não acredita é um grande erro”

Quais são suas novidades?

“Como falei anteriormente, acabei de lançar o clipe de Verão Bahia 96, que faz parte do meu álbum mais recente. O vídeo foi gravado predominantemente em Salvador e foi tudo bem espontâneo, com a participação de amigos. Filmei e editei tudo ao longo de alguns meses, e, apesar de não estar sob pressão de um deadline, eu sabia que queria lançar próximo do Carnaval. A música tem aquela coisa narrativa katebushiana que eu amo, e é cantada do ponto de vista de um serial killer que seduz suas vítimas no Carnaval de Salvador. A ideia vem de uma notícia que li há muito tempo, algo sobre um crime passional, e eu escolhi 1996 como a época em que a música se passa porque evoca um sentimento nostálgico de infância. Tem até uma referência que talvez ninguém pegue ao caso Daniella Perez, que me deixava morrendo de medo e era muito presente na mídia naquele período. Ainda pretendo trabalhar mais coisas do álbum esse ano, mas já tenho ideias para um próximo projeto”

Quais outros artistas/bandas você tem escutado?

“Tenho ouvido muita coisa ambiente, jazz, música regional e predominantemente instrumental nos últimos meses. O Y’Y de Amaro Freitas foi um dos meus álbuns favoritos do ano passado, junto com Opus do Sakamoto e o último do Floating Points”

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