Papo em Dia: Marcos Jobim

Aqueles nomes que já apareceram pelo Música Pavê em algum momento no passado e deixaram saudades retornam para colocar o Papo em Dia com quatro perguntinhas.

Marcos Jobim

 O que aconteceu desde a última vez que nos falamos?

“De 2022 para cá, realizei shows no contexto das canções do Ensaio Sobre A Vida E O Tempo. Sinto que obtive inserções interessantes em espaços culturais que ajudaram a divulgá-lo para um público diverso. O show no Fino da Bossa, em SP, em março deste ano, foi o último atrelado a esse trabalho. As músicas que formam o novo álbum a ser lançado em setembro, Singelinha, foram gestadas num ritmo mais espaçado, nestes últimos três anos. A sua produção com Pablo Schinke inicia em 2024, antes da devastação das enchentes no RS. Tivemos que interromper o processo de produção no período, já que ficamos todos envolvidos de algum modo, seja diretamente por familiares afetados, seja indiretamente mediante auxílio em abrigos. Quando estabilizada a situação, retornamos ao trabalho no segundo semestre do ano passado, finalizando a obra em julho de 2025, para imediatamente prepará-la ao público”

 O que mudou e o que não mudou na maneira como você vê a música nesse período?

“A relação com a música como ouvinte e como realizador se sujeita a contínuas e sutis mudanças de percepção estética. Parece clichê, mas é um processo de amadurecimento. Como realizador, sinto que estou no meu melhor momento, pois percebo um equilíbrio maior entre o discurso lírico e o estritamente musical nas minhas novas canções. Essa talvez seja a mudança mais significativa no meu modo de ver a música: a necessidade de encontrar uma coerência discursiva maior para se forjar um conceito artístico mais compreensível e conectado com o espírito deste tempo. Certamente, algumas coisas não mudam, e essas compõem a substância do que somos e fruímos. Buscar realizar uma música que eu gostaria de ouvir é um exemplo de valor que não abro mão”

Quais são suas novidades?

“Treze novidades compõem Singelinha, uma obra de música popular brasileira, com elementos de world music e música de concerto, mesclando canções com temas instrumentais. Temos os seguintes instrumentos: violão (Marcos Jobim), violoncelo (Pablo Schinke), violino (Ana Schmidt), clarinete (Ariane Rovesse), trombone (Sabryna Pinheiro), tuba (Wilthon Matos), contrabaixo (Edu Martins e Walter Schinke) e percussão (Bruno Coelho). Eu chamo essa formação de grupo de câmara, sendo esse tipo de acompanhamento uma novidade na minha carreira. Os arranjos, tal como a produção, são do Pablo. Tematicamente, proponho a contemplação das sensações, a eloquência do silêncio e o amor como forma de resistir. É uma espécie de manifesto face ao brutalismo, ao ruído e ao ódio”

Quais outros artistas/bandas você tem escutado?

“Esse diálogo de música popular brasileira com a música de concerto presente no álbum remete a obras como Urubu (Tom Jobim), Consertão (Elomar), Cheio de Dedos (Guinga).  Campos Neutrais (Vitor Ramil) também pode ser considerado um ponto referencial. Há alguns dias, alguém referiu que o nome Singelinha fazia lembrar Chiquinha Gonzaga e aí, depois, acabei me recordando de que eu andava ouvindo muito a sua obra quando compus o tema instrumental que dá nome ao álbum. Não deve ser à toa, portanto, o nome escolhido. Artistas da nova geração como Thiago Amud, Tim Bernardes, Vanessa Moreno e Zé Manoel andam no meu radar continuamente. Destacaria que as composições do álbum carregam também um tanto de artistas que são minhas principais referências, tais como Spinetta, Milton Nascimento, João Bosco, Yes, Steely Dan, Mark Hollis e Nick Drake, dentre outros”

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