FBC e Maria Esmeralda: Dois Lados do Rap no Circo Voador

Maria Esmeralda e FBC. Gerações diferentes, sonoridades distintas e algo em comum – o rap como experiência única para seus públicos. De um lado, o coletivo traz uma experiência de rap sonora em álbum e em palcos em que não se via há anos, com samples e beats inesperados, instrumental ao vivo e um grupo de pessoas essenciais para o ecossistema funcionar. Um frescor no que acontece na cena, coletivo forte e brilhante. O rapper, por seu lado, já teve diversas fases antes de chegar a Assaltos e Batidas, um álbum político, no qual volta ao boombap e escancara a realidade.
Os dois, em uma mesma noite no Circo Voador. Foi isso o que rolou na última sexta, 22, no show de estreia do álbum de FBC no Rio de Janeiro.

Maria Esmeralda entrou no palco pouco depois das 21h, horário que estava previsto sua apresentação de abertura. A casa estava relativamente vazia se comparada com shows lotados – uma perda para o público. Thalin, Cravinhos, Pirlo, VCR Slim e iloveyoulangelo, que juntos formam o coletivo – que é apenas o álbum, e não uma banda -, tocaram com iluminação baixa que criava ótima atmosfera para o que estava por vir.
A instrumentalização vocal e performance de Thalin casadas com as participações de outros participantes fazem uma experiência de show inegavelmente bonita, mesmo sem um Circo lotado e com maior parte do público que ali atento ao que estava acontecendo. Com um show que foi crescendo aos poucos, Maria Esmeralda mostrou que acolhe e dá espaço para quem quer chegar junto, trazendo convidados para o palco. Mesmo com falhas de microfone, o coletivo não deixou de levar um belo espetáculo para quem teve o privilégio de assistir.
Os pontos altos do show certamente são em Amarelo Cor do Sol e Todo Tempo do Mundo. Na primeira, Cravinhos começa tocando um solo de violão sentado com um foco de luz amarela em si, mostrando uma das características que fez o álbum se destacar – a música sendo tocada. Já em Todo Tempo do Mundo, o foco de luzes é todo em Thalin. Com iluminação sóbria e dura, luzes brancas e restante do palco completamente escuro, o artista esbanja performance vocal e ganha a atenção merecida nesse momento.



Estava errada quando achei que o show de Maria Esmeralda não casasse com o de FBC. Ao começar, uma banda de peso também ao vivo, esbanjando jazz, enquanto o Padrim escancara duras, mas necessárias realidades da melhor forma que sabe fazer. Assaltos e Batidas, seu último álbum, ganha vocais de apoio ao vivo e telão com efeitos meio noventistas, meio televisão de tubo. Circo Voador foi o cenário escolhido para a gravação do álbum ao vivo, com um público que entoava todos os versos.
Após tocar músicas de seu último álbum, FBC voltou a Baile com versões ao vivo e ainda com um clima sonoro de Assaltos e Batidas nas principais músicas, como Polícia Covarde, Delírios e De Kenner. Foi também impossível não passar por O Amor, O Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta. Nestes momentos, o show ganha o momento de se levar por completo pela música, dança e diversão.
Finalizando com Se Eu Não Te Cantar, FBC mostra mais uma vez ser um artista capaz de bolar um grande show ligando todos seus universos musicais com qualidade.



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