“AmarElo – É Tudo Pra Ontem” traz Emicida em uma urgente aula de história

foto por jef delgado

“Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou ontem” – o ditado yorubá que abre e conclui AmarElo – É Tudo Pra Ontem dá a tônica conceitual de toda obra, assim como dita o formato do documentário. Isso porque o filme de Fred Ouro Preto transita por uma extensa linha do tempo construída ao redor de um só ponto físico, o Theatro Municipal de São Paulo. O prédio imponente no centro da cidade é palco do show que Emicida fez para lançar seu disco AmarElo, mas também serve como símbolo de um Brasil que evoca suas raízes europeias – tal qual a arquitetura do teatro – ao passo que nega os elementos que compõem sua essência, natureza ou mesmo identidade.

Com as músicas do rapper como pano de fundo, o documentário dá conta de explicar a sócio-cultura brasileira (nosso constante Casa Grande e Senzala) em um alto grau de detalhes sem abrir mão da linguagem popular – ou melhor, fazendo questão de usá-la – em uma obra tão democrática quanto urgente. Ao revisitar os mais diversos fatos e momentos da história da produção artística de pretos no Brasil, ele explica também muitas das escolhas feitas para seu disco AmarElo, das composições aos convidados.

Emociona ver Emicida falando de sua missão na Terra e como o filme, seus discos e tudo o que está entre eles segue seu propósito artístico (e de vida). Leve de assistir, apesar da dureza de suas verdades, AmarElo – É Tudo Pra Ontem nasce como uma grande obra didática de grande potencial de entretenimento – ou honrosamente vice-versa.

Veja na Netflix,

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