Especial 2024: As Capas de Discos do Ano
Às vezes, o primeiro contato que temos com uma obra nos leva também a uma paixão à primeira vista. Entre o que desperta a curiosidade e o que consegue comunicar a mensagem de um álbum, as artes de discos fazem parte integral de nossas experiências com as obras.
Foi assim também em 2024, quer as capas tenham sido desfrutadas no formato grande de um vinil, ou mesmo nos pixels tão limitados das plataformas de streaming. A equipe Música Pavê escolheu e comentou as capas que mais se destacaram ao longo do ano e que estarão em nossa memória afetiva para sempre ao lembrarmos desta época.
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Tyler, the Creator – CHROMAKOPIA
A parceria entre Tyler e Luis Perez se repete. Dessa vez, o objetivo da vez foi sugerir a pergunta “o que realmente está acontecendo aqui?”, só que na ambiência dos filmes dos anos 1930 e 1940 de Hitchcock. A máscara de cerâmica da artista plástica Tara Razavi, outra parceira criativa de Tyler, reforça o outro lado da pergunta: O que você jamais poderia saber? É isso que Tyler divide com o ouvinte no álbum. (Vítor Henrique Guimarães)
Céu – Novela
Um disco gravado analogicamente tem sua sonoridade estampada já em sua capa. A ambientação que Pupillo e Adrian Younge construíram ao lado de Céu para o álbum é fortemente transmitida na imagem, até mesmo pelas cores calorosas, como se a luz do estúdio e a própria cantora fossem o sol que aquece as novas músicas. A vontade de ser clássico aparece já em sua capa, e a referência televisiva tem tudo a ver com Novela. Excelente. (André Felipe de Medeiros)
Milton Nascimento + Esperanza Spalding – Milton + Esperanza
Uma capa que exala afeto e cumplicidade através de um retrato intimista. O close captura os sorrisos com texturas realçadas pelo tom sépia, que expressa um ar atemporal. A simplicidade estética se justifica para a grandeza do encontro entre Milton Nascimento e Esperanza Spalding, deixando espaço para que o foco seja o brilho da musicalidade que transcende gerações — brilho esse que, definitivamente, não faltou nessa obra. (Nuno Nunes)
Tássia Reis – Topo da Minha Cabeça
O trabalho visual do quinto – e mais completo- álbum da cantora e compositora dialoga com uma estética setentista, mas se desvencilha da mera nostalgia: Temos uma imagem que traz referências do passado e presente, de cores fortes e impactantes. É a representação de uma jornada de crescimento e aceitação, em que o “topo da cabeça” é tanto um lugar almejado quanto uma afirmação de amor próprio. Afrofuturismo e brasilidade. (Eduardo Yukio Araujo)
Bruno Berle – No Reino dos Afetos 2
Apesar de ter o mesmo nome do disco anterior, percebe-se desde a capa que No Reino dos Afetos 2 quer trazer algo diferente. A obra de arte de Deborah Moreira, intitulada “menino com flores” e pintada digitalmente, traduz a melancolia, a delicadeza e a sofisticação do segundo disco de estúdio de Bruno Berle. Talvez o jargão de que não se pode julgar pela capa não seja aplicável aqui. (Lili Buarque)
Kali Uchis – ORQUÍDEAS
“Este álbum é inspirado no encanto atemporal, misterioso, místico, impressionante, gracioso e sensual da orquídea”: É assim que Kali Uchis descreve o seu último disco. O mesmo poderia ser compreendido observando a capa do álbum. A cantora de ascendência colombiana aparece nua, mas a posição de perfil e a cobertura de flores conferem um aspecto elusivo à imagem. Elegante e sensual, a capa está em total sintonia com a atmosfera sonora do disco. (Guilherme Gurgel)
Charli XCX – brat
No meio do caminho entre a obra de arte contemporânea e a estratégia de marketing, a cantora britânica dominou o mundo com uma cor, uma fonte e uma palavra. brat, o termo, ganhou ares conceituais, enquanto a capa do disco ganhou vida própria e é reproduzida nos mais diferentes memes pelas redes sociais. Alguém diz “brat” e você enxerga essa cor, antes mesmo de pensar nas músicas. Independente do que você ache disso, concordamos que entrou para a história. (André Felipe de Medeiros)
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