Playlist: Clássicos Pessoais

Durante as gravações do último episódio do Podcast Música Pavê, sobre Clássicos Populares (com Erasmo Carlos na capa), surgiu a ideia: E se a equipe Música Pavê apontasse músicas que são clássicas em um nível individual – ou melhor, íntimo?

Clássicos Pessoais traz algumas faixas que marcaram a época de seus lançamentos e também as gerações após elas. Mais importante ainda, nesse nosso contexto específico, são canções que se confundem com nossas histórias de vida, pelo nosso desenvolvimento como ouvintes (ou fãs de música) e na nostalgia de dias marcados por esses sons.

E como, desta vez, apenas uma playlist não seria suficiente, os pavezeiros contam também por que essas faixas ostentam o título de “clássicas” em seus repertórios individuais. Leia abaixo.

The Beach Boys – God Only Knows

Um dos meus critérios para definir um clássico é o impacto e inspiração que ele trouxe para o seu meio. Assim, é seguro chamar de “clássico dos clássicos” Pet Sounds, disco do grupo The Beach Boys que inspirou, entre outros, a criação de Sgt. Peppers (The Beatles). Depois disso, a música pop nunca mais foi a mesma. God Only Knows é a faixa que melhor representa o disco. Com seu instrumental brilhante e suas harmonias vocais angelicais, a obra prima de Brian Wilson é o que imagino tocar nas rádios do paraíso. (Nuno Nunes)

Carole King – (You Make Me Feel Like) A Natural Woman

Ouvi pela primeira vez essa canção no CD (!) Divas Live da VH1 (!!), dois enormes atestados de idade avançada. Tinha cerca de 11 ou 12 anos e fui impactada não apenas pela voz de Aretha Franklin, mas pelo encontro da maior diva que já existiu com Gloria Estefan, Celine Dion, Mariah Carey e Shania Twain. Nada parecia maior em 1998. Depois, descobri que Carole King compôs essa música, gravada primeiro por Aretha e depois pela própria autora em Tapestry, um clássico instantâneo de 1971 que relegou toda a carreira de Carole a segundo plano. Natural Woman me apresentou a ideia revolucionária de que mulheres podem ter vozes inconfundíveis – seja da “Lady Soul” Aretha Franklin, seja de uma autora que deixa sua marca em tudo que toca – sem sequer precisar abrir a boca.  (Nathália Pandeló)

The Clash – The Guns of Brixton

Difícil descrever exatamente a sensação de ter 14 anos e ouvir The Clash. Talvez seja necessário um contexto histórico, pessoal e detalhes que não caberiam neste espaço. O que importa é que qualquer uma das faixas de London Calling, álbum que abriga essa gloriosa canção, é capaz de causar impacto definitivo. A atmosfera de tensão, raiva, frustração e o ritmo pulsante, diverso, são convites para imersão em um universo empolgante e confuso, como a própria adolescência. (Eduardo Yukio Araujo)

Interpol – Stella Was a Diver and She Was Always Down

É uma tarefa difícil escolher apenas uma das faixas de todo um álbum que considero um clássico contemporâneo. Interpol é uma peça importante no renascimento do pós-punk, e Stella conversa diretamente com a angústia que também pode ser encontrada em um clássico do gênero: She’s Lost Control, de Joy Division. Aqui, a banda nova-iorquina referencia, mas também inova. (Thaís Ferreira)

Bruce Springsteen – Thuder Road

Abrindo o icônico álbum Born to Run, a faixa traz o que há de melhor na E Street Band: boas histórias, arranjos épicos e a intensidade pura do rock pra ouvir na estrada. Uma música de grandiosidade desleixada. Contando sobre um casal insatisfeito com a mediocridade, decididos a correr até a terra prometida, Thunder Road é pra mim um clássico pessoal por traduzir aquela incômoda e irresistível vontade de morrer de tanto viver. (Bruno Maroni)

Marisa Monte – Segue o Seco

O disco Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-rosa e Carvão é, para mim, o melhor disco de Marisa Monte. As faixas passeiam entre o que se tornou clássicos de sua carreira, como Na Estrada, e o lado-B da cantora, a exemplo de Pale Blue Eyes e Segue o Seco. Tenho lembranças de, com seis ou sete anos de idade, ouvir muito esse disco em viagens para visitar familiares no interior de Alagoas. Passear pelo sertão ouvindo essa música que fala tão lindamente da chuva e da seca foi realmente especial. E até hoje é. (Lili Buarque)

Bauhaus – Bela Lagosi’s Dead

Um dos maiores clássicos do rock gótico é também meu clássico pessoal. Essa música me remete a um tempo em que eu começava a ter mais clareza sobre meus gostos pessoais e sobre aquilo que me toca musicalmente. De certa forma, ela é hoje um símbolo de tudo que eu curto em um som. Escutá-la faz com que eu perceba a mesma atmosfera e sinta as mesmas coisas que um dia mexeram com a Marília do passado. (Marília Ferruzzi)

The Kooks – Naive

Quem não foi um adolescente nos anos 2000 viciado em fazer scrobbler na last.fm das bandas de indie rock do momento que atire a primeira pedra. Naïve, do grupo The Kooks, foi o primeiro grande hit que tive acesso naquela idade e me abriu a cabeça para procurar mais músicas do gênero. Até hoje, segue sendo uma letra pra cantar junto, carregada de nostalgia. (Bárbara Barroso)

Los Hermanos – Último Romance

No sossego ou no sufoco, na ida à praia com a casa toda numa sacola, no ato de vender a TV para comprar passagens – a poesia de Amarante, assim como sua interpretação na faixa, é tão hiperbólica quanto sonhadora. De declarações de amor no Fotolog (lembra?) a cerimônias de casamento, é uma canção e um romantismo presentes no imaginário de toda uma geração que ouviu o álbum Ventura até o talo. (André Felipe de Medeiros)

Julia Jacklin – Pressure to Party

Pressure to party, da artista Julia Jackin, foi muitas vezes minha trilha sonora pessoal contra a depressão, quase me obrigando a levantar e encarar a vida com um olhar relutantemente solidário comigo mesma. O álbum Crushing (2019) é como uma pancada, te leva a picos de energia e baixos esmagadores e tem ressoado em muitos momentos da minha vida desde a primeira vez que eu ouvi. Acho que é isso que leva ele a ser um dos meus clássicos mais pessoais e queridos. (Lau Fogaça)

Legião Urbana – Pais e Filhos

Pais e Filhos, de Legião Urbana, faz parte da minha vida porque cresci ouvindo e, até hoje (depois de tentativas de aprender a letra e finalmente conseguir na sétima série, fazendo um trabalho de Língua Portuguesa que ficou na memória), sempre que posso, escuto. Mãinha fala sempre que eu pequenininha adaptava: “eu moro mais mamãe, mais vovó e papai vem me visitar…” – o que era realmente a nossa realidade. (Rafaela Valverde)

Kate Bush –  Running Up That Hill (A Deal With God)

Essa música foi a primeira vez que resolvi molhar os pés nas águas da música pop dos anos 80, eu só não sabia que com Kate Bush é impossível ter um contato raso. Em Running Up That Hill (A Deal With God), ela reúne uma letra que pode falar sobre qualquer relação humana, uma produção impecável e uma voz que só pode ser de uma bruxa-sereia-fada. Aliás, o álbum Hounds of Love, de 1985, é todo um clássico, já consagrado, e vale sempre o mergulho (de novo ou pela primeira vez). (Guilherme Gurgel)

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