Zéfiro Celebra o que Fez Até Aqui

foto por letícia miranda

A banda Zéfiro lançou seu primeiro material novo em três anos. O single Mochimochi, no entanto, veio acompanhado do anúncio de um hiato por tempo indeterminado do grupo brasiliense. Trata-se de uma homenagem à própria banda e uma forma de celebrar todo o caminho percorrido desde seu início, lá em 2016. O cronograma de despedida também inclui um show final e uma nova música com previsão de lançamento para outubro. 

Aproveitando o momento de liberdade 

A escolha de uma expressão em japonês para nomear o single é fruto da liberdade artística que o grupo sentiu sabendo que o fim desta fase já estava anunciado, revelou o vocalista Pedro Menezes em entrevista ao Música Pavê: “Se fosse em outra época da banda, a gente provavelmente escolheria um nome mais fácil de ser lembrado e encontrado, mas isso não é o principal agora”. 

Pedro também contou que a ideia do nome veio através de um sonho com uma palavra japonesa desconhecida, mas que serviu de ponto de partida para o nome final. Mochimochi é uma adaptação da expressão japonesa usada quando alguém atende o telefone – o famoso “alô” – e o telefonema retratado na letra não é o suficiente para amenizar a distância, revelando um fim iminente. O instrumental une várias camadas de sintetizadores e guitarras para criar uma ambiência doce de nostalgia e compor a carga sentimental da canção.

Esse momento sem tanta pressão comercial é traduzido muito bem na música, que, apesar de diferente dos trabalhos anteriores, ainda traz os elementos que ficaram marcados ao longo da carreira da banda. Entre eles, rock alternativo de instrumental psicodélico com pitadas de Radiohead e uma poesia sentimental e contemplativa que remete à música mineira e a Clube da Esquina. Pedro também lembra que uma das referências é a banda Baleia, que também fez sua despedida lançando um single. 

zéfiro em seu show de despedida; foto por xavier braun

O adeus com portas abertas para um até logo

A chegada da pandemia poucos meses após o lançamento do disco de estreia Terra Fechada bagunçou os planos da banda – assim como os do resto do mundo. O álbum conta inclusive com uma faixa na playlist das músicas brasileiras mais bonitas de 2019 do Música Pavê. O vocalista conta que esse período de crise impediu que a banda recebesse a mesma prioridade que tinha no começo, algo natural diante do cenário tão inesperado.

Outro fator decisivo para decretar o hiato foi a mudança do baixista Vinícius Corbucci para fora do país. Segundo Pedro, a banda já passou por um processo de encontrar outro membro e aprendeu como isso pode ser custoso. “A gente gosta demais da banda, acho que somos nossos maiores fãs. Para não correr o risco desse projeto simplesmente cair no esquecimento ou terminar com desavença, a gente prefere anunciar a pausa e celebrar o que fez até aqui”, afirmou.

Zéfiro é a prova de que o fim do sonho não precisa ser sinônimo de algo ruim. A banda chegou no consenso de que o encerramento aconteceu em seu momento de maior maturidade musical, considerando as duas últimas músicas como a melhor sonoridade alcançada. Assim, o adeus deixa as portas abertas para um dia se transformar em até logo e o gostinho de quero mais poderá ser saciado com o lançamento do próximo single, marcado para outubro. 

Curta mais de Zéfiro e outras entrevistas no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.