Zeeba Também Está com “Tudo ao Contrário” na Vida, mas Sabe Ser Feliz

foto por georgia bravo

“Às vezes, quando estou meio pra baixo, escrevo coisas pra cima, que aí eu acabo colocando os outros pra cima também”, disse Zeeba em entrevista ao Música Pavê, enquanto comentava um pouco sobre a composição e produção de seu álbum Tudo ao Contrário. Lançado hoje, 18 de março, o disco é resultado dos processos internos que o músico viveu nesses dois anos de pandemia, entre reflexões, sentimentos e também o luto.

“Foi escrito depois de muitas reflexões, e rolou a perda dos meus avós também”, conta ele, “tive um último papo com meu avô que me deixou muito inspirado pra falar sobre a vida mesmo, sobre como a gente percebe ela e precisa estar presente. Passeio é um papo que veio daí, Tudo ao Contrário também tem essa parada de que, cara, a gente tem que achar nossa parada e estar feliz independente das opiniões”.

“O mundo tá ao contrário, todo mundo passou por esse momento de reflexão. Não foi todo mundo que perdeu parentes, mas é uma fase muito difícil para todos. Mas eu acho que a gente sempre tem como achar um lugar de felicidade, de refletir sobre a vida ser o hoje, viver o agora”. Zeeba comenta também que “esse negócio de falar sobre a vida e falar sobre o agora é algo que a gente quer mesmo. Acho que todo mundo quer ir ao show, gritar, cantar e ser feliz, botar pra fora um pouco dessa angústia que veio com a pandemia”.

O clipe da faixa-título foi gravado na casa dos avós de Zeeba, concluindo o ciclo de inspirações da música e do álbum. Assim como todos que se viram isolados por conta da pandemia, principalmente em uma fase pré-vacinação, ele também passou por processos de autoconhecimento: “Descobri que eu sou muito doido! (Risos)”, brinca ele, “na pandemia, eu comecei a namorar, mudei muito, comecei a tomar mais conta do meu corpo, parei de beber, comecei a ir todo dia à academia, tô dando mais atenção também ao meu estado mental – terapia é muito bom para todos e eu aconselho”. E, ao investigar suas raízes para além da família, trouxe para o disco um de seus principais elementos: “A brasilidade”, como ele mesmo conta.

“Sou brasileiro. Tenho uma vivência muito lá fora, sou americano também (Zeeba é nascido nos EUA, de pais brasileiros), tenho todas essas influências dentro de mim. Essa mistura é minha assinatura. Tô feliz mesmo de estar nessa fase mostrando a minha cara. É difícil para quem é artista, a gente muda muito e é difícil resumir de fato quem é o Zeeba na minha língua natal”.

Tudo ao Contrário é também resultado de mais uma parceria com Bruno Martini, nome que já esteve atrelado ao de Zeeba tantas outras vezes. “Ele abriu as portas para mim num momento em que eu estava muito deprê, pensando em desistir da música”, conta o músico, “a gente escreveu Hear Me Now juntos, Never Let Me Go também, temos vários filhos juntos (risos). E ele é um produtor muito eclético e entendeu essa minha proposta, aí a gente trouxe outras pessoas para somar – tem metais em várias músicas, por exemplo. A gente estava com tempo – que foi o lado bom da pandemia, porque não tinha shows -, então deu para experimentar bastante”.

Além de Martini, ele convidou diversos outros músicos da cena na qual ele está cada vez mais inserido aqui no Brasil. Guto Oliveira (OutroEu) assina a co-produção de algumas faixas e os vocais em Vontade Lunar; enquanto Carol Biazin está em Cansei e Mariana Nolasco e Pedro Calais fazem parceria em Teu Sim, Mas Não. A já lançada parceria com Mallu Magalhães, Só Pensando em Você, encerra o disco. Ele cita Gilsons, Terno Rei, Clarissa, Marina Sena e Jovem Dionísio como alguns dos nomes que mais tem ouvido dessa geração.

Ao comentar a produção de Tudo ao Contrário, ele conta que quis trazer uma sonoridade mais arrojada após trabalhar um disco acústico, Reset (2020): “A gente foi pro estúdio gravar bateria, foram processos mais longos e eu participei muito mais. Porque antes, com as músicas mais eletrônicas, eu compunha e gravava só algumas coisas e Bruno que colocava os elementos dele. Esse foi um álbum que eu botei muito a mão, de gravar guitarra, gravar violão, depois pegar um baixo, chamar o tecladista para colocar a cara dele ali também… foram processos mais longos e diferentes. Sempre fui mais desse lance do indie, de banda, então queria trazer um pouco dessa vibe“.

Com show marcado para o próximo 07 de abril em São Paulo, Zeeba planeja várias surpresas para a apresentação ao vivo que remetem também às experimentações que ele e os produtores desenvolveram no estúdio, como sons da natureza presentes em algumas das músicas. “Uma das faixas do álbum, Quem Sabe Por Aí…, é uma gravação de iPhone”, explica ele, “foi feita em um sítio, com barulho de passarinho, aí a gente tentou recriar no estúdio e não rolou. Preferi fazer essa coisa doida que é deixar como um áudio pessoal, como se eu mandasse por WhatsApp para alguém. E é muito engraçado, porque eu vou na casa dos meus avós e ouço aqueles mesmos passarinhos que estão ali na gravação”.

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