Uma Sey: “Cantar é um jeito de matar a saudade”
Nascida na França, Manuela Massé passava as férias visitando a família no Brasil, até se mudar para São Paulo e resumir a experiência na música vivida cruzando fronteiras – incluindo dois anos que morou na Inglaterra – no projeto musical Uma Sey. Com ele, elae lançou recentemente seu primeiro EP, Open Sea.
Gravado entre Paris e SP, o disco reflete a multiplicidade de sua formação. “Ele é brasileiro em um lado mais percussivo, nos timbres diferentes que a música brasileira tem”, conta ela ao Música Pavê, “não são ritmos regionais, mas uma levada que da música daqui. E da França, ele tem uma certa estética, talvez até no timbre dos teclados. Além, é claro, de ter letras em francês”.
“Eu tive uma certa vontade de refletir nesse EP quem eu sou”, conta ela, “antigamente, em minha banda de rock (Anemoan), eu estava compondo com meu parceiro musical da época, então as músicas não eram só minhas”. Manuela conta também que trazer o francês para as letras foi um processo que escolheu passar: “Eu cantava em inglês porque sentia que era a minha língua, não a do meu pai ou da minha mãe. Mas quis explorar escrever em francês, e agora em português, e tem sido muito interessante. Descobri que gosto da minha voz em francês”.
Produzir Open Sea em dois lugares, sem ignorar as letras em inglês, tem sido parte do processo da artista de lidar com as raízes espalhadas em mais de um lugar. “Essa coisa de não se sentir de um lugar só tem dois lados”, explica ela, “eu me sinto à vontade em qualquer país, mesmo onde nunca morei, porque desenvolvi uma certa adaptabilidade, e porque tem coisas também que são universais. Mas também tem isso de não se sentir de nenhum país, de sempre faltar alguma coisa. Eu fico viajando às vezes, construindo meu país ideal na cabeça (risos), tipo queria tomar um café daquele lugarzinho na Inglaterra, depois ir àquele parque que eu gosto no sul da França e depois ir ver um show de uma banda daqui de São Paulo”.
Uma Sey tem tido esse significado de reunir diferentes lares em uma só linguagem, o que torna o lançamento ainda mais pessoa. E, como ela mesma explica, “cantar é um jeito de matar a saudade”.
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