Um Por Um: francisco, el hombre por Mauricio Pereira

O som que queremos ouvir por mais uma década: Ao longo do mês de novembro, o Música Pavê comemora seus dez anos no ar através de uma série especial com artistas que temos acompanhado de perto comentando outros que também amamos. Dessa forma, uma grande playlist vai sendo montada com os sons que apontam para o futuro sendo adicionados um por um.

Um é Mauricio Pereira

Cantor, compositor e saxofonista paulistano, Mauricio fez história primeiramente na banda Os Mulheres Negras, para depois embarcar em uma jornada solo que, desde os anos 1990, tem se mostrado uma das maiores referências para a nova geração de músicos brasileiros – da qual participam seus filhos Tim e Chico Bernardes.

No Música Pavê: “A minha carreira tem uma velocidade de cruzeiro muito lenta. Tem a ver com eu ser um letrista, ser introvertido, com eu não ser arroz de festa… sou um cara mais pra dentro. Tem hora que eu vou pra roça, tem hora que eu tenho que cuidar de um filho. Eu comecei tarde, com 25 anos, não aos 14, como o Martim. Eu sou um cara com uma trajetória muito solitária. Por mais que tenha tocado com muita gente, experimento, visto muita coisa, meu caminho é meio andarilho. E, olha, eu ainda tenho a sorte de não saber tocar violão, porque se não eu seria mais solitário ainda, faria meus shows sozinho, né?” (Entrevista, 2018)

A outra é francisco, el hombre

Uma das bandas de personalidade mais forte da cena independente, o (antes quinteto, agora) quarteto une duas das maiores características da cultura latino-americana: A necessidade de lutar por sobrevivência e a capacidade de transformar qualquer momento em uma enorme festa.

No Música Pavê: “O nível de empolgação é estratosférico, do jeitinho que a gente gosta. Capriche na tela cheia e volume alto” (Lançamento exclusivo, 2015); “Cada vez mais (…) a gente compreende que os processos do mundo são muito maiores do que a gente. Mas, ainda assim, isso é um motivo a mais pra seguir procurando entender como esse mundo funciona, como a gente funciona como pessoa e o quanto ainda tem muita coisa que precisa ser dita para ser transformada” (Entrevista, 2018)

francisco, el hombre por Mauricio Pereira

O que francisco, el hombre tem de melhor?

Eu gosto da agressividade que eles têm, mesmo quando tão mansos e acústicos: o desacato. E junto com isso tem essa onda latina com muita melodia. Engraçado, né? Porrada e sabor… Eu não conheço eles tanto assim, então pra mim não é um som óbvio, é uma mistura meio misteriosa.

O que o trabalho deles te lembra?
Não sei dizer. Tem um pouco a ver com um artista uruguaio que eu gosto muito, provocador, criativo, musical, o Martin Buscaglia. Ainda nessa linha de agredir e soar sofisticado, estruturalmente tem a ver com os Talking Heads ou a Björk, né? Eles também poderiam me lembrar, pela energia, alguma banda punk: mas qual banda punk canta tão bem assim?

O que os trabalhos de vocês dois têm em comum?

Talvez isso de ter muita melodia e bastante recurso técnico pra cantar quando precisa cantar, abrindo voz, usando timbre, expressando bastante no canto.

Como seria uma parceria entre vocês?

Não sei em qual dose, mas eu beberia deles a irriquietude, a sede de estrada, essa latinidade (que é uma coisa que às vezes aparece no meu trabalho), a energia física. Da minha parte, o q eu poderia oferecer é o meu canto silencioso, a minha contenção (que talvez seja o jeito de eu ser tóxico).
E, claro, tendo pulmão suficiente, abriria vozes em cima das vozes deles.

Curta mais da série Um por Um no Música Pavê

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