Twenty One Pilots e suas Letras

A dupla Twenty One Pilots vem causando bastante barulho no mundo da música. Quase todos os seus shows estão sempre esgotados, seu segundo álbum, Vessel, ficou em décimo lugar na lista dos melhores álbuns alternativos da Billboard e tudo isso com apenas dois membros. Tyler Joseph (vocalista) e Josh Dun (baterista) misturam sons de  electro-pop com pianos e até mesmo ukulele, mas o que sempre comentam sobre a dupla são suas letras cantadas em forma de rap. Se tem uma coisa que eu presto muito atenção quando estou ouvindo algum som novo é a letra e seus significados. Foi exatamente isso que me chamou atenção em Twenty One Pilots.

As composições são cheias de metáforas e significados profundos escondidos em referências e rimas. Sempre acabo encontrando pessoas discutindo as letras da dupla pela Internet e é possível encontrar várias opiniões sobre as histórias por trás de cada uma. Alguns acham que a religião deles afeta as letras, outros acreditam que este fato não afeta totalmente o processo de escrever da banda e alguns acham que a fé e as experiências que ambos viveram estão misturadas e ambas contribuem bem para a escrita. O que importa é parar, sentar e tirar o seu tempo para ouvir, porque é difícil encontrar bandas desse gênero com letras tão bem escritas.

Guns For Hands foi uma das canções que mais me chamou atenção. Mesmo tendo um ritmo um pouco animado e uma batida rápida, a letra fala de um assunto muito serio: o suicídio, o que torna-se evidente bem no começo da trilha: “E você jura aos seus pais/Que aquilo nunca mais vai acontecer/Eu sei, eu sei o que isso significa, eu sei/Que todos vocês tem armas/E você nunca ativa a segurança/E vocês todos tem um plano/ De levar, ou não levar”.

A composição pode ser considerada uma carta para todos aqueles jovens que já pensaram em desistir da vida e tenta mostrar ao ouvinte que eles entendem esses pensamentos negativos, mas é preciso respirar fundo, perceber que existem pessoas que se preocupam e querem ajudar: “Vamos aproveitar cada segundo/Vamos usar esta música/Esta rima/Juntos vamos respirar/Junto ao ritmo/Tem esperança do lado de fora da janela/Então é para lá que vamos/Vamos lá fora, todos de mãos dadas/Mas até lá você nunca entenderá”. Existem várias músicas que falam do mesmo tema de formas diferentes, mas está é uma das que mais me marcou pelas comparações que usam durante a canção e o modo como tentam fazer dela uma salvação para alguém.

Car Radio pode ser considerada uma das minhas preferidas da dupla. A canção é simplesmente um personagem falando os seus pensamentos em voz alta. Um alguém tendo um “breakdown” dentro de seu carro, pois roubaram o seu rádio e tudo que existe naquele momento é o silencio e os seus pensamentos. Ao longo da música, o personagem fica mais frenético e mais desesperado com tudo aquilo que está correndo pela sua mente, todos aqueles pensamentos que eram esquecidos quando havia som dentro de seu carro. “Eu penso em algo assustador/Porque desta vez não há som para me esconder atrás/eu descobri ao longo de nossa existência humana/ Que uma coisa é composta de consistência/ E isto é que estamos todos lutando contra o medo/Oh céus, não sei se sabemos o porque estamos aqui/Oh céus, muito profundo, por favor pare de pensar!/Eu gostava mais quando meu carro tinha som”.

Muitas de suas canções falam sobre a depressão, como Migraine e Holding On To You. Na primeira,  Tyler canta sobre a tal doença da qual sofre e se pergunta se existem mais pessoas dentro desta batalha. Mais uma vez, o músico utiliza ótimas metáforas e referências para expressar os seus sentimentos: “Estão tentando me engolir, sangue pingando de seus queixos/E sei que devo lutar ou deixar o leão vencer/Começo a pensar em que arma usarei/Porque as vezes para continuar vivo temos de matar nossas mentes”.

Em Holding On To You (música mais popular da banda), existe uma visão um pouco mais positiva sobre a batalha contra a depressão. Aqui é onde entra bastante a questão da fé. Em algumas partes durante a canção, nos dão a impressão de que é uma conversa entre o vocalista e Deus. Como se Tyler estivesse entregando sua vida mais uma vez a Ele. Canta sobre a superação dos sentimentos tristes e sobre tomar o controle de sua vida novamente: “Lute, pegue sua dor e o queime/Amarre uma armadilha em sua mente, frouxo o bastante para que possa respirar e amarre ele a uma arvore/Diga a ele, ‘Você é meu/isto não é uma armadilha, mas uma coleira/Tenho uma noticia para te dar/você têm de me obedecer”. Porém, a parte da música que mais faz a galera cantar euforicamente nos shows e que realmente resume o que estou falando neste artigo é a seguinte: “Quando vamos parar com isso?/Letras que não significam nada./Nós fomos presenteados com o pensamento/Está na hora de mexer nossos pés a um som introspectivo?/Não são as caixas de sons que mexem o coração/São os corações que fazem a batida”.