Tuyo Encontra Suas Crianças Interiores em “Quem Eu Quero Ser”

foto por lucas nery

Poucos meses após a chegada de Paisagem, Tuyo apresenta hoje (03) Quem Eu Quero Ser, um trabalho dedicado a temáticas infantis dentro do universo estético da banda. “Esse disco não passa de mais uma pesquisa da Tuyo”, conta Lio Soares, “não é uma entrega para o dia das crianças em outubro”.

Falando ao Música Pavê, os músicos contam que o trabalho surgiu a partir de duas canções de ninar produzidas em 2022, encomendadas pela plataforma Platoon. Dois anos depois, o convite para um álbum completo veio assim que a mixagem de Paisagem foi concluída. Os dois lançamentos, portanto, compartilham de um mesmo momento estético vivido pelo trio.

“Flertamos com essa linguagem de singeleza desde a época de Simonami”, explica Lio, “essa é talvez a maneira que mais gostamos de operar na música, por conta da sensibilidade”. Na hora de escrever as oito faixas que compõem a obra, vieram à tona também experiências que tiveram ao longo da vida nos musicais com crianças na igreja e em trabalhos sociais vividos na universidade.

Lio comenta que, em grande parte da produção musical, “a prioridade não é o desenrolar da canção, mas o que a lírica vai ensinar para aquela criança. O que é super válido. Mas talvez estejamos atrás de uma criança melancólica. Veio do exercício de coletar boas memórias que entregaram para nós traços bastante fortes da nossa personalidade. É um disco de análise das nossas infâncias e recuperação do recorte de construção da nossa psique. É na infância quando você começa a receber adjetivos: Tímido, introvertido, peralta… essas etiquetas”.

“Fui uma criança extremamente sensível por ter entrado tão rápido no quesito do que é vida e do que é morte, de quem eu sou dentro do mundo”, comenta Lay. Quem Eu Quero Ser dialoga com o momento em que se aprende “a pensar a vida”, como ela explica: “Qual o gosto do que eu estou sentindo agora? Quais as memórias que tenho sobre brincar na rua e voltar para casa? O que eu quero fazer? É como me entender como uma pequena pessoa”.

Lay, Lio e Machado assinam a produção do disco ao lado de Érica Silva. Juntos, eles puderam explorar não só o que já é conhecido entre o que Tuyo já fez, mas também novos territórios. “Em Cantinho do Pensamento, fiquei na experiência de montar uma música em um ambiente onde não costumamos andar, o reggae”, conta Machado, “pude me entregar a esse som ao cantá-la”.

“Ao compor essa música, ficamos bem apreensivos – será que é uma boa hora de falar sobre punitivismo?”, relembra Lio, “porque o mercado da maternidade é muito agressivo na Internet, né? Mas nos sentimos na liberdade, porque estamos falando da reflexão de uma criança muito particular. Estamos falando das nossas vidas”.

“Isso nos mantém muito afiados”, continua ela, “vejo o tamanho do sofrimento para um artista muito popular tentar elaborar, montar uma era, convidar 150 pessoas para compor um disco porque ele não tem o suficiente sozinho… Sinto que, talvez, isso seja o nosso ofício: Somos compositores, somos artistas. O natural é que façamos dois discos no ano”.

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