Tupiniquin Redescobriu a Força da Canção

foto por josé de holanda

Chega a ser irônico, quiçá masoquista, ver um disco lançado em meados de 2020 chamado Canções Pro Fim do Mundo. No caso de Tupiniquin, no entanto, a obra esbanja sensibilidade em suas narrativas, trabalhadas ao longo de quatro anos – muito antes de uma pandemia global ou das catástrofes na política e na sociedade que marcam esta temporada.

Para o álbum, Jorge Tupiniquin se inspirou sim em ideias para o fim dos tempos, mas principalmente no fim de um casamento. Para cantar sobre esse período em sua vida, ele encarna a personagem Marieva, que ele define como “uma cantora brega deep”, como brincou em entrevista ao Música Pavê por telefone. “Falar de amor é sempre difícil”, conta ele, “amar demais é brega, mas amar de menos é pior ainda”.

“Marieva é uma personagem de grande força”, conta Jorge, “eu recebo mensagens de mulheres comentando Cristalina e vejo que aquilo é mesmo fruto de um personagem. Foi Marieva mesmo quem escreveu, porque eu nunca vou entender como uma mulher se sente”.

O processo de produção do disco mostrou-se de grande aprendizado para o músico. Em uma primeira instância, vieram os ensinamentos sobre canalizar a poesia na voz de uma personagem e permitir que suas composições ganhem vida da maneira com que elas se desenvolvem. “Eu compus Parábola há quinze anos”, conta ele, “ela foi produzida três vezes [desde então] e só agora que eu aceitei entregá-la”. “Tive muita vergonha desse álbum”, confessa.

“Que bom que eu consegui fazer do jeito que me senti abraçado pela própria música, com os arranjos e a força que eu acredito”, comenta Jorge revelando outro grande aprendizado do disco: Produzir suas músicas com a potência que elas podem ter. “Aprendi como quero trabalhar as canções”, explica ele, “para mim, as músicas já vêm com arranjo, mas ele precisa estar de acordo com a letra, e que seja possível em um só instrumento, seja o violão ou o piano”.

Com Yuri Kalil (Cidadão Instigado) na produção, Tupiniquin fez um disco no qual redescobriu “a força da canção”, como ele mesmo conta. Inspirado por Milton Nascimento e Nick Cave, Canções Pro Fim do Mundo chega em uma época atribulada em um estilo que o Brasil de 2020 não sabia que precisava: O “crooner MPB”.

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