Todo Mundo Tem Uma Música

Todo mundo tem um espírito. Todo espírito tem uma toada. É quase certo que uma hora ou outra o ritmo, a melodia e o desenrolar de um som em música vão casar com o seu caminhar, falar, pensar, dançar. Somos seres musicais. E mesmo sem ter consciência disso, o seu corpo foi feito para reverberar; quiçá produzir o primeiro som que ecoará nos outros corpos à sua volta. Somos naturalmente barulhentos, ou melhor, sonoros.

Não temos pulmões para respirar, nem coração para bombear sangue. Tudo isso me parece sub-uso de uma arquitetura muito complexa. Temos um corpo feito para sentir o pulsar de cada transição, de cada dissonância. Para perceber cada sinuosidade da onda sonora que penetra não só os ouvidos, mas através da pele. E para participar ativamente dela.

Você não escuta música, você vive a música. Porque a música invade incontrolavelmente lugares íntimos do seu cérebro que nem o seu melhor amante, seu psicólogo Freudiano – aquele que secretamente curte Jung -, ou mesmo a sua mãe podem desvendar. A música te invade só um pouco mais devagar que a velocidade da luz, mas rápido o suficiente para pegá-lo desprevenido.

Existe, portanto, aquele mágico momento em que uma música vai te agarrar numa noite fria e escura, ou te abraçar num pôr-do-sol de verão, ou te acordar numa manhã de domingo, e você nunca mais vai querer largá-la. Ela vai pertencer a você e você a ela. Sim, será praticamente um relacionamento amoroso. Vocês dois foram feitos um para o outro. Como? Isso já não sei… faz parte do en-canto da música estar submetido aos seus mistérios. Mas você certamente vai descobrir um dia a sua música.