Titãs Revisita Formato Acústico com Grande Dose de Ineditismo

Ler a notícia de que Titãs lança nesta sexta, 03 de abril, o primeiro de uma série de três EPs em formato acústico pode causar uma impressão de redundância no leitor. Afinal, a banda tem como um dos maiores marcos de sua carreira um álbum Acústico MTV (1997). Falando ao Música Pavê por telefone, Branco Mello esclarece que o grupo “não está voltando ao passado, nossa história segue sendo contada. É uma nova formação, um novo arranjo, uma nova forma de ouvir essas canções”.

Isso porque, como o próprio nome Titãs Trio Acústico denuncia, o novo projeto oferece releituras de seus sucessos só com os três integrantes, ao contrário da grandiosidade que o disco de 1997 teve. “O primeiro era gigante, viajamos quatro anos com trinta músicos pelo Brasil inteiro, era uma loucura. Esse é o contrário”, explica o cantor e baixista, “é um outro conceito de acústico que a gente trouxe para esses três EPs. Eles são muito mais minimalistas, mais radicais no ponto de vista de pegar a essência das canções”.

“A gente gravou praticamente o álbum todo com piano, baixo e violões,foi mais fundo no âmago das canções”, conta Branco, “as frases mais importantes dos arranjos foram mantidas com muito menos instrumentos. O que fica muito preservado, independente da forma com que as canções são apresentadas, é o espírito da banda e o espírito das músicas. Isso não muda. Elas têm suas características. Sonífera Ilha, por exemplo, é uma leitura ‘vazia’. A original tinha oito caras com um monte de instrumentos e vozes. A gente transformou [a canção] em piano, baixo e voz com uma leve percussão, pra ela ficar mais um esqueleto da música, como se ela tivesse sido composta já daquele jeito”.

Ao relembrar como foi lançar o Acústico MTV, ele conta que Titãs “saiu de ser uma banda barulhenta com canções legais que estavam escudadas por um som forte para, com aqueles arranjos de orquestra, as canções emergirem. Muita gente que achava que Titãs era uma banda de rock barulhento tomou conhecimento de um grupo que, por trás daquela pressão do som, tinha um pensamento musical de letra, de melodia, que você pode cantarolar, pegar um violão e tocar. E muita gente na época se surpreendeu com a qualidade das canções. Não era todo mundo que entendia as músicas do Cabeça Dinossauro, achavam aquilo muito pesado. E aí, começaram a enxergar outra coisa por trás daquela parede de som”.

Titãs Trio Acústico traz também faixas posteriores ao primeiro Acústico, como Epitáfio e Isso – essa última, presente já no EP lançado nesta sexta. “Essas músicas atravessaram um período muito grande na vida das pessoas”, conta Branco, “e esse EP está vindo em um momento bacana, de poder encontrar o emocional das pessoas”.

“Cada vez que a gente apresenta uma música ao vivo é diferente, porque ela tá viva, se relacionando com as pessoas e recebendo a energia da plateia”, explica o músico, “o emocional de tocar Sonífera Ilha 40 anos depois é ver como ela faz parte da nossa vida – não só ela, mas várias outras – e da parte de outras pessoas também, inclusive mais novas, que conheceram as músicas nos discos dos pais”.

“Se Titãs está indo para 40 anos de carreira, mesmo com tantas mudanças na carreira, é porque a gente é um movimento musical constante. Por isso que a gente se desafia sempre a fazer coisas novas – como, depois de escrever uma ópera rock contando uma só história, estar lançando três EPs ao longo deste ano”.

Relembre uma entrevista recente com Tony Belloto aqui no Música Pavê

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