Tiê: “Coloco na música a força feminina que tenho”

Tiê vem de uma família de mulheres independentes, sem homens na posição de “alfa”. Como não poderia deixar de ser, sua visão sobre o feminino faz parte integral do desenvolvimento de sua musicalidade. Às vésperas de sua participação neste fim de semana no evento WME Conference RMX, da plataforma Women’s Music Event, a cantora e compositora paulistana falou sobre o tema ao Música Pavê.

Ela relembra que essas questões eram menos latentes em seu primeiro disco, Sweet Jardim (2009), no qual ela ainda estava se conhecendo. “Ele é muito sincero com suas questões de amor e desamor”, comenta Tiê, “com o tempo, minhas letras começaram a mostrar melhor de onde eu vim, da minha ancestralidade e do que eu posso ensinar para a minha geração”.

Ao longo desses mais de dez anos de carreira, Tiê nota que seu público é formado em maior parte por mulheres, o que reforça ainda mais o propósito dessas mensagens em suas composições. “Tento sempre escrever sobre as questões que eu sinto, essa culpa que nós mulheres sentimos sem nem saber por que”, conta a artista, “e coloco na música a força feminina que eu tenho”.

“Me mandam mensagens dizendo que minha música salvou alguém em depressão, e isso me faz caminhar. Como qualquer outro trabalho, fazer música dá trabalho. Tenho que fazer conteúdo e, para mim, as redes sociais são sugadoras, eu fico doente. Aí, vou na mensagem de amor que a pessoa escreveu me agradecendo e me equilibro. Cada um tem um talento, um dom e uma vontade, e vou me segurando [nos meus]”.

Essa mentalidade se desenvolveu também ao longo da gestação e parto de duas meninas, para quem ela compôs e lançou músicas em seus discos. “Aconteceu aqui aquela situação de uma falar ‘ah, eu gostei mais da música que você fez para ela do que a que fez para mim’ (risos), e eu tive que explicar que a que eu fiz para a Amora não é só para ela, mas para todo mundo – para a vovó, a tia, amiga… Nem só para mulheres, também para os caras. É para quem tem um lado sensível, emocional e inseguro”.

Tudo isso está em versos e entrelinhas de DIX, álbum ao vivo lançado em 2019 para celebrar sua primeira década de discografia. “Foi uma experiência boa poder celebrar o marco, apesar do Brasil que estamos vivendo já há algum tempo”, conta ela sobre a gravação, “até a vontade de celebrar era meio estranha, mas eu queria comemorar os dez anos fazendo isso com tanta garra, e com tanta gente comigo”.

Cerca de um ano após o primeiro show da turnê DIX – que, assim como tudo no mundo nesses últimos meses, precisou ser interrompida diante da pandemia -, Tiê está “mergulhada de cabeça no novo disco”. Kudra, com lançamento em 09 de outubro, virá como “um recomeço, um segundo ciclo que chega depois de encerrar essa primeira década com o DIX“, explica a artista, “ele diferente sonoramente, é mais curto, foi feito de sopetão. É um disco mais familiar, feito com as meninas tendo aula online em casa, e Amora canta comigo em uma das faixas”.

Tiê conta que sua voz também está diferente nas novas músicas: “Consegui gravar de maneiras diferentes. Tem uma mais falada, outra com mais reverb e a voz está mais encorpada em outra”. “Tô com vontade de fazer coisas mais radicais”, continua, “a gente achava que a vida ou passava muito devagar, ou rápido demais, e veio a quarentena e mostrou que tem que ser um dia de cada vez. Temos que ter calma e cautela, temos que fazer planos mais presentes”.

WME CONFERENCE RMX 

Data: 18, 19 e 20 de setembro
Horários: sexta (18) e sábado (19), das 13h às 21h. Domingo (gratuito), das 16h às 21h. 
Show extra Eqlibri: domingo, 11h, com Tiê (gratuito) – exibido nas redes de Eqlibri
Show de encerramento Natura Musical: domingo, 17h às 20h30, com MC Souto, Xênia França e Céu. Exibido no YT de Natura Musical 
Ingressos para a conferência: R$ 15 (válido para um dia) 
Todos os shows são gratuitos
Link para compra de ingressos: Sympla

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