The Strokes, em nome do Rock’n’Roll
Há dez anos, o The Strokes aparecia como a salvação do rock, com um estilo cool e um hit certeiro, Last Nite. Claro que o rock como gênero musical nunca precisou de salvação, porque apesar da montanha russa de altos e baixos no mainstream, o rock and roll sempre continuou firme no underground, e sempre continuará. Aliás, Nova York, cidade de origem da banda, sempre foi pródiga em alçar pérolas do cenário alternativo ao posto de bandas reverenciadas, vide a cena em torno do CBGB’s, que revelou ninguém menos que os Ramones. Mas era fato que depois da onda grunge e do britpop, o rock tinha dado uma sumida das paradas de sucesso.
Porém, o que impressionou em Is this it, debut dos Strokes, nem foi o fato de trazer o vigor ao rock and roll e a tão aclamada reinvenção do estilo. O que mais chamou atenção mesmo foi o punhado de boas canções que o grupo gravou neste álbum, como The Modern Age, Barely Legal, Someday… enfim, me sinto na obrigação de colocar todo o track list do álbum aqui, pois é injustiça esquecer de alguma faixa, sendo todas hits em potencial. Tudo muito simples. Para não ficar numa análise técnica da banda, letras cotidianas bem escritas, instrumental direto e eficaz e um vocal lânguido, bêbado, altamente indulgente.
Bom, acho que muito disso já foi dito em 2001 e tem sido repetido ao longo dessa década. Fiz questão de relembrar um pouco o Is this It para lembrar os dez anos deste belo disco e falar do disco atual, que é tão bom quanto. Claro que Angles, o disco atual, não tem mais o impacto do primeiro, mas é um disco que consolida dez anos de uma carreira, vista com olhos tortos por alguns, como sendo um hype passageiro da mídia. E aí, meus caros, falar em evolução da banda, que melhorou, que os músicos evoluíram, seria uma balela chatíssima, quando se tem aqui, dez anos depois, letras cotidianas, instrumental direto e eficaz e um vocal lânguido, bêbado, rock and roll até a medula. Ao invés de fazer análises elaboradas, cantarolar canções como Under Cover of Darkness e Call Me Back é bem mais significativo.
E o melhor de tudo, tivemos a oportunidade de vê-los tocar ao vivo aqui no Brasil, no auge, lançando um disco espetacular, comemorando dez anos de outra pérola. Pois é, deixamos de ser aquele país em que artistas decadentes vêm caçar alguns níqueis a mais. O “novo rock”, se é que isso existe, é aqui, agora e ao vivo! Aliás, estamos chamando de novo algo que surgiu há uma década, justamente numa época em que tudo acontece com uma velocidade enorme – o que somente confirma o vigor da música do The Strokes, que pode não ser mais novo, mas continua com um ar revigorante, em nome simplesmente das belas canções, e apesar dele não precisar de salvação, em nome do mais legítimo rock and roll.
Undercover of Darkness (ao vivo no Saturday Night Live)
Taken for a Fool (clipe)
Call Me Back (clipe)
Veja mais de The Strokes e mais do nosso especial As Caras de 2011