Teago Oliveira: O Barato de Fazer um Disco Solo

foto por Azevedo Lobo

“As pessoas costumam achar que eu sou a figura central da Maglore, mas a banda tem um processo extremamente muito coletivo”, explicou Teago Oliveira horas antes de seu primeiro trabalho solo, o disco Boa Sorte, chegar às plataformas de streaming. “Eu adoro levar minhas composições para os meninos sabendo que eu nunca faço ideia como o disco vai ficar no fim da gravação”, continua ele, “mas, com esse álbum, eu consegui pela primeira vez visualizar uma música exatamente como ela ficou no final. Do jeito que ela estava na minha cabeça, saiu”.

O cantor e compositor baiano, radicado em São Paulo, comenta que já quis fazer um disco solo há anos, mas a agenda com a banda nunca lhe permitiu se dedicar inteiramente. Antes que o quarteto entrasse em estúdio para um novo trabalho, que deve sair em 2020, ele passou a limpo composições e entrou em estúdio.

“Era minha vontade ir para outro universo musical que não existe na Maglore”, explica Teago, “acho ele mais escuro, mais fechado, até mesmo mais adulto. Não tem aquele , não é rock. É um disco de canções, de certa forma, simples”. O processo de entender como Boa Sorte seria começou no próprio Todas as Bandeiras (2017), álbum da banda no qual ele decidiu escrever de forma mais pessoal – ou, em suas palavras,  “mais quente”.

“Acho que cheguei a um lugar que para mim foi de descoberta, acho que fruto da maturidade. Me aprofundei na dialética, quis entender melhor para quem me comunicar. É algo que me satisfaz mais hoje em dia. O autor sozinho acaba dando outra perspectiva para a música, e acho que esse é o maior barato de fazer um disco solo”.

No meio dos arranjos grandiosos, a poesia que Teago propõe é simples, com cenas e sentimentos cotidianos. “É um disco ‘da primeira pessoa para o mundo’, sempre de pessoas diferentes”, diz o músico, “tem canções que são sobre mim e outras não. Sombras no Verão fala das ‘crianças na escola’, e eu não tenho filhos; Tudo Pode Ser é sobre um casal de velhinhos que ainda tem a ‘magia’ depois de tanto tempo juntos. É um disco sobre muita coisa, desde a alegria da relação estável ao doloroso fim de um relacionamento. Mas gosto como não fica evidente quais são sobre mim”.

A sonoridade enraizada no legado da música brasileira “não foi nada forçado”, explica Teago, “sou apaixonado por nossa música, acho que é a melhor do mundo” – e Boa Sorte conta com homenagens a grandes autores, explicitamente a Belchior (em Corações em Fúria (Meu Querido Belchior)) e de maneira menos direta Dorival Caymmi (Longe da Bahia). Essa estética da MPB vem de “elementos que já estão na Maglore até um ponto e eu agora consegui passar e colocar mais referências”, como ele conta, “é um diálogo por caminhos diferentes. Eu não queria repetir Maglore no meu disco solo. Se fosse para fazer isso, eu nem lançava”.

Curta mais de Teago Oliveira e de Maglore no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.