Suricato está “feliz por produzir meu próprio trabalho”
Rodrigo Suricato é um nome frequente nos admiradores no Brasil do som que passeia por vertentes do folk – do mais roqueiro em formato banda ao pop romântico. É nesse último canto do espectro, o das canções de amor ao violão, que ele desenvolveu seu álbum Na Mão As Flores, lançado hoje (26) pela Universal Music.
Conversando ao Música Pavê por telefone, o músico comentou que este seu terceiro disco quis “tirar o folk da fazenda”. “Quis perder esses elementos, essa certa ternura bucólica de vaquinhas passando, calças rasgadas, barbas enormes”, conta ele, “É bem pop sem medo de se assumir pop. É como eu enxergo o folk, enxergo ele como musica popular, como o funk ou o sertanejo”.
Não é difícil notar também que Na Mão as Flores mostra-se como um disco mais grandioso como os anteriores. Isso veio, segundo ele, da liberdade de produzir sozinho a obra, seguindo apenas sua visão. “Estou feliz por ter produzido meu próprio trabalho”, comenta o músico, “foi o Rodrigo Suricato quem fez a produção, tocou, cantou… enfim, me sinto em sincronia com meu próprio tempo”.
“Suricato foi criada para externalizar as minhas próprias musicas, mas você acaba fazendo concessões. Todos foram gravados da maneira que eu achava que tinham que ser feita, mas, mesmo assim, isso dilui suas ideias. O processo coletivo para um artista autossuficiente como eu pode às vezes ser nocivo. Não estou menosprezando quem já esteve ao meu lado, mas, quando você assume quem você é de fato, você fica mais potente. Não tem um Rodrigo diluído, é o puro suco”.
Isso se reflete também em seus shows, que ele tem feito no formato “banda de um homem só”: “Toco percussão com o pé, controlo o MPC, canto e, ainda assim, não fica estranho. Tudo continua pop, porque a canção está acima dos instrumentos”. Será assim que ele apresentará o novo disco no Rio de Janeiro (20 de agosto, no Theatro Net), São Paulo (29, também no Theatro Net) e Belo Horizonte (20 de setembro, na Autêntica).
Duas canções saltam especialmente aos ouvidos durante a audição de Na Mão as Flores. A primeira é a faixa 03, A Canção que Todo Mundo Anda Fazendo, que reúne várias sonoridades muito familiares no cenário atual em uma só música. Sobre ela, Rodrigo comenta que ela “não é um deboche”, mas uma reunião de “clichês deliciosos da música pop”, virando um comentário sobre “fazer o que todos fazem para você ser notado”.
A outra é a já clássica Como Nossos Pais, de Belchior (e imortalizada por Elis Regina), uma música que “diz muito o que eu penso”, como conta Suricato: “Isso de ‘qualquer canto é menor que a vida de qualquer pessoa’ é algo muito folk. Não é sobre uma gatinha ou um rebolado, é sobre a natureza humana. Eu passo pelas mesmas coisas, [cantá-la] é quase autobiográfico”.
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