Supervão e o “modo brasileiro de fazer música”

foto por kim costa nunes

O título Faz Party não nega: Supervão entrega um trabalho caprichado para você curtir e cantar enquanto dança. Com lançamento nesta sexta, 26 de julho, o primeiro álbum da banda gaúcha chega a público na união de esforços entre o edital Natura Musical e o selo Honey Bomb Records, e também através de muita pesquisa para os músicos encontrarem o som e  clima certos para essa festa.

Em conversa com o Música Pavê às vésperas do lançamento, Mario Arruda, Leonardo Serafini e Ricardo Giacomoni concordaram que, mesmo com as bases eletrônicas e os sintetizadores tão presentes na obra, Faz Party nem sempre é um trabalho ligado à noite. “A maior parte do disco é diurna”, dizem eles, “pode ser um after, ou pra ouvir saindo do trampo, algumas em um pôr do sol. É um disco do entardecer, a noite chega em algumas das faixas”. 

Com um som sempre múltiplo, além de animado, Supervão cita MGMT, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Warpaint, Mac Demarco e Teto Preto entre as (muitas) inspirações para o disco. “As composições foram bem orgânicas”, afirma a banda, “vieram muito mais das nossas sensações tocando do que de ficar racionalizando as coisas”. Com um pouco do álbum já pré-gravado, Supervão iniciou sua busca a partir de uma questão: O que caracteriza a música brasileira?

“É uma coisa que a gente vem pensando muito”, explica Supervão, “não tem como encontrar uma essência completa. A música vai se completando, vai se definindo e se construindo a partir de várias coisas que acontecem pelo mundo e logo se incorporam ao nosso som”.

Esse caráter antropofágico é apelidado pelo trio como “o modo brasileiro de se fazer música”, algo que se conecta diretamente à forma como ouvimos cantores e bandas hoje em dia: “Por mais que tenha um algoritmo que te force a algo mais nichado, tem também um tipo de shuffle contemporâneo”, comentam eles, “a nossa escuta é sempre bem esquizofrênica, sempre muito múltipla”. 

É por isso também que Faz Party deve ficar tão bem em palcos de festivais pelo país, seja com o pôr do sol atrás ou na calada da noite. “Essas misturas sonoras foi o que observamos desde as festas de rua e em ocupações que já fizemos, até o palco dos festivais mesmo”, conta Supervão, “a gente foi sentindo como essas misturas musicais estão sempre presentes, e elas fazem hoje parte do nosso som. A gente não gosta de focar em movimentos muito puristas – só eletrônica, ou só rock’n’roll -, você nega muita coisa que tá acontecendo. A vibe do encontro é a que a gente mais gosta”.

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