Sem Querer, Will Joseph Cook Fez o Álbum Certo para 2020

“Alguns discos me ajudaram durante épocas difíceis, e eles me fizeram bem porque tratavam os temas de forma crua, sem pisar em ovos, indo direto ao ponto sem rodeios”, contou Will Joseph Cook ao Música Pavê, “era isso que eu queria trazer para as pessoas com meu novo disco”.

O músico inglês prepara para o próximo 27 de novembro o lançamento de Something to Feel Good About, seu segundo álbum, que – como o título sugere – tem como proposta olhar o lado bom e as lições daquilo que a vida oferece. É quase como se o disco chegasse em um momento em que nós, coletivamente, nos sentíssemos para baixo e precisássemos de algum incentivo, não é?

“Sim, esse nome foi escolhido muito antes de 2020, acho que fui algum tipo de profecia esquisita”, brinca ele, “assim que eu escrevi a música Something to Feel Good About, o título serviu de direção para as novas composições. Eu queria escrever sobre os momentos de emoções mais complexas na minha vida. Escrevi sobre a dificuldade de admitir que não estou bem, que é algo que tenho dificuldade em fazer. A faixa-título foi escrita para a minha namorada da época, que tinha perdido o emprego e não sabíamos o que fazer. A melhor coisa que nós dois tínhamos era um o outro, a música é sobre isso. Então, quis encontrar um lado bom mesmo se o mundo estava na merda. Sempre tem algo bom, se você quiser encontrar”.

A história do disco tem muito a ver também com aqueles álbuns que ele diz terem feito tão bem para ele, já que um dos álbuns era Head, do músico norte-americano Okudaxij. De tanto ouvir a obra, os dois se aproximaram e surgiu a oportunidade deles fazerem uma parceria. “Fui aos EUA e passei três semanas hospedado na casa dele. Foi nessa viagem que eu conheci Matt Parad, que produziu meu novo álbum”.

A produção aconteceu em um contexto diferente de Sweet Dreamer (2017), como ele mesmo conta: “Eu estava assinado com uma gravadora no primeiro. Eu rompi com eles em 2018 e a jornada desde então foi revigorante, porque eu não precisava ligar pra ninguém pra pedir autorização pra um lançamento ou uma parceria. Foi um processo totalmente diferente também porque não estávamos no estúdio, estávamos gravando na casa das pessoas, no meu quarto. Foi tudo muito tranquilo, eram dois amigos fazendo um som juntos.

Os novos singles dizem muito sobre o novo álbum. “Musicalmente, é um território novo para mim”, explica ele, “são músicas cheias de energia, mas elas chegam com um clima de águas mais lamacentas. Acho que elas mostram um pouco mais da minha personalidade, da minha autenticidade”. Will conta ama “quando a música pop se mistura com sons que estão distantes do mainstream. É isso o que eu quero fazer como artista: Música que seja acessível, mas que ainda traga algo desafiador em relação ao que está em alta. O que faz a música pop ser legal é você poder tratar os temas de forma que todo mundo logo identifique e sinta como você”.

E identificação é a chave para um disco sobre processos emocionais complexos em um ano tão complicado como este. “Acho que as pessoas tiveram mais tempo consigo mesmas durante a quarentena, o que tem muito a ver com as minhas letras”, explica ele, “eu passei boa parte do ano passado lutando para endireitar minha cabeça na direção certa, entendendo que eu não era mais um adolescente e tinha crescido. Tive que aceitar a turbulência e todas as dificuldades de assumir minhas responsabilidades. Acho que muita gente passou por situações semelhantes nesse ano. A música que encerra o álbum veio após perder três pessoas na minha família e, infelizmente, é algo que muita gente passou nesse ano também”.

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