Sem Querer, mxmtoon Fez Músicas para o Isolamento

Tem sido frequente nas redes sociais uma grande busca pela trilha sonora para o isolamento físico durante esta pandemia. Sem querer, mxmtoon já havia planejado lançar no início de março a faixa Quiet Motions, que caiu como uma luva para o tempo que estamos vivendo.

Com uma letra que celebra a solitude, a canção é uma verdadeira ode à introspecção. “Não conheço muitas músicas que falem sobre como é bom estar sozinho”, disse ela ao Música Pavê, “o que mais ouço é gente cantando sobre procurar alguém para estar com você – e eu também tenho essas músicas -, mas quis escrever algo diferente nesta”.

Sobre o timing de lançamento de Quiet Motions, a californiana comenta que nunca imaginou que sua composição chegaria ao mundo em um momento tão propício. “O pessoal que trabalha comigo me perguntava: ‘Nós vamos mesmo lançar essa música agora?’ (risos)”, relembra a artista, “mas eu achei positivo. É uma época em que temos a oportunidade de refletir melhor sobre quem somos”.

Não foi apenas esse single que aproveitou uma coincidência acidental em seu lançamento. Em janeiro, mxmtoon deu ao mundo Fever Dream, música que descreve a vontade de sair pelo mundo para viver o que não pode acontecer agora. “Quando eu lancei essa música, a ideia era ela falar de um delírio bom, mas penso que ela pode ser usada para expressar o que sentimos agora também”, explica a cantora, “e podemos trazer algo positivo para uma situação tão complicada. Nós todos temos muito o que entender agora e fazer os ajustes que precisamos”.

Aos 19 anos, Maia (seu nome verdadeiro) já tem vivido uma fase de mudanças e ajustes há um certo tempo. Depois que seu primeiro EP, plum blossom (2018), atingiu a marca de 100 milhões de reproduções, sua música saiu do habitat onde nasceu – seu quarto na casa dos pais – e ganhou novas proporções para dar conta das responsabilidades que esses “poderes” trouxeram.

“Tudo começou com meu perfil mxmtoon no Instagram, que fiz porque queria publicar os meus cartoons (risos) e agora se tornou o meu trabalho”. Ela, que se descreve como “louca por controle”, conta que está aprendendo a trabalhar com uma equipe, desde um diretor de arte que lhe ajuda com as capas dos singles (antes, todas feitas por ela) até toda a estrutura de produção das músicas. “É difícil abrir mão às vezes”, comenta Maia, “minha música é o meu bebê (risos)”.

O que não mudou com todas as novas proporções de trabalho é a maneira como ela encara sua música pop e autoral. “Tento sempre escrever da maneira mais próxima à experiência humana que posso”, conta Maia, “não quero escrever por escrever, nem passar um verniz poético com palavras bonitas em qualquer coisa”.

“Por muitos anos, o pop era muito desprendido da realidade, era música de celebridades em suas mansões. Agora, eu estou o dia todo no Twitter e jogo videogame com meu público. A música seguiu essa mesma dinâmica. As letras estão mais próximas das pessoas e da realidade delas. Fico honrada de ser chamada de pop nesse meio indie”.

Mesmo com a pouca idade, mxmtoon está ciente da voz que possui com esse seu público, que se sente representado por seu trabalho. “Sou mulher, bissexual e descendente de imigrantes chineses. São muitos fatores que deveriam dificultar minha atitude de dizer o que eu penso. Mas, ironicamente, não me sinto assim. Acho importante poder me levantar e dizer minha perspectiva”, conta ela.

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