Sebastianismos Canta de “Sexo, Amor e Revolução” em seu Primeiro Disco

foto por felipe miranda

“Há quem escreva música como conclusão de um processo e há quem escreva chamando um processo” contou Sebastián Piracés-Ugarte ao Música Pavê. O contexto exato era sobre como sua banda francisco, el hombre compôs Triste, Louca ou Má, mas tem muito a ver com sua experiência ao criar seu projeto solo Sebastianismos.

Ele comentava sobre como a (já clássica) faixa foi “um chamado para nós mesmos olharmos nossas cagadas e nossas falhas” dentro do que foi produzir o disco SOLTASBRUXA (2016), quando a banda “estava começando a estudar melhor o que seria a política brasileira e o feminismo, querendo entender as raízes dentro da gente”. Pula para 2019 e temos Sebastián repetindo aquele processo de autodescoberta, mas agora sozinho.

“Esse disco, pelo menos para mim, surge da necessidade de me olhar no espelho”, explica ele, “eu sentia necessidade de entender quem sou eu, o que eu canto, o que eu represento como indivíduo”. Ao passar pelo exercício de compor diariamente, o músico pôde dar um passo para trás e ver os temas que mais se repetiam naquilo que escrevia e, assim, entender quais eram os temas que ele precisava cantar. Como ele bem resume: “Amor, sexo e revolução”.

“Eu adoro transar, adoro sexualidade”, conta Sebastián, “nessa única e finita vida que a gente tem, são poucos os prazeres – comer gostoso, beber, ficar louco, amar, transar. Sexo é uma coisa comum a muitos seres humanos e eu nunca consegui escrever sobre amor antes desse disco”. Os temas de amor e sexo caminham juntos na narrativa de seu recém-lançado Sebastianismos – em suas palavras, é “o máximo poder falar de sexualidade olhando para a pessoa quem você ama” -, e vale notar que a revolução os acompanha no mesmo compasso.

“Sentia necessidade de escrever [sobre esses assuntos] Porque as problemáticas que envolvem o sexo são talvez responsáveis pelos maiores problemas do mundo, pelos diversos tipos de opressões que acontecem com os diversos tipos de gêneros e orientações. Tem muita coisa errada na comercialização do sexo (como ele canta em Culto al Culo: ‘Sexo vende no mercado apoiando o patriarcado, nos ensinam que é pecado, sagrada contradição’). Bunda vende, mas é um tipo de bunda. Corpo vende, mas a padronização dos corpos é nojenta, nos causa tantas agonias na nossa existência. A gente só tem uma vida e ainda vêm dizer que a gente veio ao mundo no corpo errado? Que coisa lamentável, nojenta. Tentei explorar [esses temas] à minha maneira e abordá-los de uma forma que seja coerente tanto com o sexo, quanto com o amor”.

Após muito planejar, Sebastián teve uma outra atitude na hora da gravação: “Tentei não definir nem limitar o que o disco seria. Já tinha pensado demais, agora era só fazer”, conta ele, que procurou estéticas que dessem conta da “simplicidade com que se apresenta esse sentimento tão denso” que é amar alguém com liberdade. “Percebi que eu sou reggaeton, e que eu sou punk rock”, brinca ele sobre a sonoridade que encontramos no álbum – e, honestamente, não surpreende quem acompanha a latinidad cheia de energia que ele sempre fez com a banda.

“Francisco é uma grande aula, uma grande família, um estilo de vida”, conta ele, “procuramos muito olhar para nós mesmos na eterna busca da coerência, que vai se transformando. A francisco de 2013 não é a mesma de 2015, que não é a mesma de hoje – vamos crescendo e mudando. Com os diversos privilégios que temos, vamos aprendendo e estudando, e tudo vai sendo registrado nas músicas” – lições que Sebastianismos carrega, e demonstra, em sua natureza.

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