Ronan Parke, não é outro Bieber. É um Cazuza.

Uma tarde ociosa de sábado me fez chegar a esse nato. Procurando o que ver no YouTube, encontrei vídeos do Britains Got Talent em que se apresentava Ronan Parke, entre outros garotos também de pouquíssima idade. Novinhos, pouco usados pela vida. Inocentes, sem nem saber ao certo do talento que possuem. Chamou-me a atenção seu corpo fininho e branco, de criança, tão dono de uma voz forte e levemente rouca (o que poucos sabem ter). Bom, isso é o óbvio, o que qualquer olho e ouvido poderiam notar. O que me fez parar por alguns minutos, que me fez sentir ao seu lado no palco, próxima dele, foi seu olhar. Que profundo. Ele não dança, não sorri, não faz performance. Creio que procura desvendar o que está realmente acontecendo. Ao mesmo tempo, parece que canta tranquilo, fazendo todo mundo repensar a vida e os conceitos construídos até hoje. Um garoto lindo, ainda um menino. Um olhar de quem nasceu artista.

O prazer seria grande o de passar uma tarde com Ronan, entender seus motivos, sua família, como o andam tratando por aí e, principalmente, se ele conversa com alguém sobre suas alegrias e tristezas.

Lembrou-me do Cazuza, no jeito que tinha de se apresentar em alguns momentos, na capacidade de tocar as pessoas com a sua música e suas letras, que fotografavam a sociedade, pulverizando sobre ela seus gritos de política, amores mal sucedidos e vida boêmia. Mas ele já era adulto, não é mesmo? Já tinha o que dizer para as pessoas. Além disso, morreu cedo, precisava mesmo dizer tudo de uma vez. Ronan, enquanto não cresce, deixa no mundo um encanto, um jeito tímido de artista criativo, meio internalizado.  Torço muito por ele, que não vire um Bieber, que não é de todo ruim, mas desperdiça o que tem sendo um pop. Ronan, nos traga um Cazuza, boêmio que for, mas nos tenha como ouvintes de sua poesia.

Ronan Parke, derrubando nossas entruturas em Because Of You:

Ronan Parke, tentando uma simpatia corriqueira em Thousand Miles:

Matéria no Jornal Nacional sobre a morte de Cazuza e o que deixou para trás, em 7/7/1990:

Entrevista com Cazuza no , em 1988

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