Romero Ferro explica que seu novo álbum, “FERRO”, é sobre liberdade
“É sobre você ser você” – Romero Ferro sintetiza em poucas palavras o conceito de seu recém-lançado Ferro: “A principal mensagem do meu álbum é a liberdade”, contou ele ao Música Pavê por telefone”.
Não é de se estranhar que o disco tenha seu próprio nome. O artista pernambucano está claramente se dando também liberdade de vestir sua própria identidade. “Quando eu falo isso neste momento [do país], é um ato de resistência”, conta ele.
“Teve um momento quando eu achei que faria um disco todo político e bem denso. Aí, vi que chamar as pessoas para dançar era um ato político. Grande parte do álbum é sobre isso, sobre se unir e cantar”.
Romero conta que passou dois anos no processo de fazer Ferro, desde os primeiros conceitos até tê-lo pronto em mãos. Ao longo desse tempo, com todos os acontecimentos na política, sociedade e economia, ele percebeu que “queria um trabalho que trouxesse muito frescor, que você escutasse e relaxasse. Queria que ele fosse um respiro nesse momento turbulento”.
Para isso, ele se aproveitou de outro fenômeno que tem notado no cenário pop autoral em que está inserido. “Estamos em um momento de olhar para nossas referências regionais e externalizá-las como algo ‘universal’, que acaba sendo tropical e dançante”, explica o músico, “procurei o que era verdadeiro para mim que poderia levar para esse lugar e cheguei à música brega. Para mim, esse é o grande som pop do Pernambuco, como o funk é para o Rio”.
Dentre os convidados em FERRO, dois outros pernambucanos se destacam: Otto e Duda Beat. Romero comenta que queria “ter dois nomes de gerações diferentes que significam muito para mim e para Pernambuco, cado um dentro de sua importância e de sua sonoridade. Em um disco sobre o brega pernambucano, ter artistas de nichos diferentes é de suma importância, pelo brega ser periférico, produzido por pessoas que, em sua maioria, não terminaram o ensino superior. É um ritmo marginalizado, considerado ‘menor’. Tê-los comigo defendendo isso credibiliza essa questão do brega em si”.
“E volto a bater na tecla que a gente precisa estar junto das pessoas que a gente acredita que proporcionam uma sensação significativa na gente”, comenta Romero, “a gente precisa se unir com os nossos pra que se firmem nossas bases, lutas e bandeiras, pra que a gente dialogue e crie. Essas colaborações podem musicais ou não, porque tanto o processo de vida quanto o de concepção de um álbum são de muitas trocas. A gente tá muito na necessidade disso”.
Esses diálogos com outros artistas têm sido frequentes para Romero, que tem dividido bastante os palcos com outros artistas. Neste fim de semana, por exemplo, ele se apresenta no festival Cinco Bandas no Rio de Janeiro. Para dezembro, ele é uma das atrações confirmadas na SIM São Paulo, o maior evento de troca entre profissionais da música no país.
“Fico feliz de estar aliado aos artistas de hoje”, conta ele, “uma galera tão boa que também está nessa pegada de ressignificar a música pop e trazer para esse contexto social contemporâneo a verdade de cada um dentro de suas origens”. Liberdade, podemos afirmar, é isso.
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