Rael: “Foi com música que eu descobri quem eu era”
“Esse medicamento é indicado em caso de bad vibe e depressão”, Rael brinca ao final de Sempre. A canção, cujo refrão diz “eu me amo hoje/bem mais do que ontem/não mais do que amanhã”, parece sintetizar toda a temática de Capim Cidreira, disco produzido pelo próprio artista que chega hoje (12) às plataformas.
“Eu tô nessa de me permitir falar de amor e de amor próprio”, contou ele ao Música Pavê por telefone, “sempre falei de muitos assuntos e tinha também as love songs. Desta vez, queria oferecer para as pessoas a mensagem que sou um cara grato. Espero conseguir com esse disco acalmar alguém, que eu acho que é o que estamos precisando fazer”.
A história de Capim Cidreira enquanto álbum começou em uma tragédia, o falecimento do produtor Carlos Eduardo Miranda, que comandaria as gravações do disco. “Eu tive que viver o luto e me vi com essa responsa na mão”, conta Rael, “dei uma arrumada no meu estúdio, que eu dei o nome de Horta, e, quando fui ver, já estava plantando mesmo, o que me levou a um contato com a natureza. Me conectei com as plantas, o que me lembrou a minha avó, que me dava chá de cidreira. Tive um processo de depressão e vi que eu tinha que falar de amor – do amor próprio e do para com o outro. Quis transparecer essa calma nos detalhes”.
Nas gravações, ele foi influenciado por experiências recentes, como a turnê cantando Vinicius de Moraes e viagens à África. “Queria entender o pensamento africano”, comenta ele, “vi que eles dançam mesmo na guerra, sempre tem muito amor”. No disco, os sons daquele continente encontram o reggae jamaicano e a música brasileira contemporânea, uma cama sonora diversa e rica para amparar sua mensagem.
“A gente dialoga através da música”, diz ele, “você vai captando as coisas e vê que comunica mais cantando do que com números e fatos. Através do amor, você fala muito mais. A Internet surgiu de um sonho de aproximar as pessoas, mas separou. Nesse mundão digital louco, de tantos discursos de ódio, quis falar de amor”.
Tudo o que está por trás de Capim Cidreira tem a ver com a carreira múltipla que Rael tem construído – “fazendo coisas com os caras do rap, do reggae e do rock”, como ele explica -, mas também com o impacto que a arte teve em sua própria vida. “Foi com a música que eu descobri quem eu era, ouvindo Racionais MCs”, conta ele, “se eu conseguir oferecer isso pra mais uma pessoa, , eu serei o cara mais feliz dos últimos anos”.
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