QXÓ Vai Muito Além de Só Te Fazer Dançar
“Peruana é a consolidação da minha identidade como tão agressivo quanto sensível, porque os brutos também amam (risos)”, brinca o rapper carioca QXÓ. Ele conversou com o Música Pavê por telefone no mesmo dia em que seu segundo EP chegou às plataformas (15 de maio).
Ele mesmo trouxe a questão de que o trabalho chegava em meio a uma pandemia. “Não tem como não tocar nesse assunto”, comenta o rapper, “é muito importante nesse momento colocar no mundo músicas que levantam a autoestima das pessoas”. A partir daí, toda a conversa trouxe um artista interessado em pensar na sua criação e no efeito que ela pode causar nas pessoas – sejam elas ouvintes ou músicos com quem ele firma parcerias.
Expandindo essa ideia, QXÓ evidencia nas entrelinhas que sua música está baseada em dois pilares. O primeiro é o propósito que ele enxerga na arte. Ao ser perguntado sobre o que a música significa para ele, o rapper divaga: “O significado mesmo é inexplicável. É tipo a alma de Jesus Cristo – as pessoas conhecem, mas não sabem explicar; elas sentem, mas não tocam. A importância é essa, o sentimento. A arte é sempre maior que o próprio produto que está sendo proposto – a música, a arte plástica, a dança… [Com Peruana], a ideia foi fazer esse mix para que a pessoa tente entender esse sentimento, a felicidade enquanto danço ou o ‘descarrego’ enquanto escrevo”.
Prova disso é Prometi Nada, hit do EP, cuja intenção era traduzir em música algo comum a muitas pessoas, mas que nem sempre pode ser explicado. “Relacionamento amoroso é assim mesmo”, conta QXÓ, “tem hora que você não sabe conversar, tem hora que não dá mais também, e tem hora que você quer continuar. E é esse o ponto que tá ali na música, de quando não dá mais, mas você quer continuar. O não saber o que fazer quando está gostando de alguém, ou não ter prometido nada, mas não conseguir dizer não”.
A parceria com Luccas Carlos é uma das presentes ao longo do EP, que traz também Sain, Papatinho e Ferrugem. QXÓ, que veio do grupo Start Rap, mostra que sua carreira solo segue fazendo questão de ter a soma da criatividade dos outros em seu trabalho. Ele conta empolgado sobre como os convites foram espontâneos e as parcerias, orgânicas, resultando em uma musicalidade de muitas nuances ao longo do disco.
“Eu ouço todos os lançamentos”, conta ele, “mas, de um ano para cá, comecei a ouvir músicas antigas – sabe aquelas coisas que sua mãe ouvia no carro, seu pai escutava em casa e você cresceu ouvindo? Frank Sinatra, Nina Simone, Stevie Wonder, Al Green, Marvin Gaye… acho que a produção de Peruana tem muito de uma releitura do que denominam como ‘música velha’. Eu acho que a música não envelhece. Uma música do Bob Marley tá tão bem mixada, harmonizada e elaborada como uma do Travis Scott feita em 2020″.
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