Quem Marcou 2012?
Mesmo vivendo a mesma época e habitando lugares parecidos, cada um tem uma experiência diferente com a Música – seja ela a nível pessoal ou na percepção de algo maior, como movimentos estéticos que dialogam com o tempo e outras artes. No meio de tudo isso e de tanta música que ouvimos durante 2012, alguns nomes marcaram suas respectivas cenas, o mercado, a produção cultural e, é claro, nossas vidas.
Ao longo das próximas semanas, você vai conhecer como os pavezeiros do Música Pavê perceberam o ano passar através da música e quais são as bandas que, por suas devidas razões, serão lembradas como ícones de 2012 pelos próximos tempos. Curiosos como somos, saímos perguntando para alguns amigos e pessoas queridas que admiramos quais foram os artistas que viraram verdadeiros monumentos para a música durante o ano.
Confira o que eles nos contaram e acompanhe nossa série Marcou 2012.
##Frank Ocean
“Absolutamente, sem sombra de dúvidas, foi o Frank Ocean. O disco dele é surreal”. (Patrick Laplan, da banda Eskimo)
“Pra mim foi o Frank Ocean, por causa do album Channel Orange, um dos melhores do ano, que é a confirmação de que um novo grande artista apareceu (no sentido de que não acho que ele vai sumir rápido como muito cantores pop) e o fato dele ser absolutamente atual musicalmente, mas tendo um pé nos clássicos do soul americano”. (Jan Felipe)
“Frank Ocean lançou um álbum que realmente resgata o título de cantor-compositor tão raro atualmente, com letras incríveis e uma voz que casa perfeitamente com seu estilo. Além disso, conseguiu sucesso com um som popular, mas, ao mesmo tempo, criou uma obra com valor artístico inegável, garantindo presença em quase todas as listas de melhores do ano até agora. Ocean, com certeza, será um nome muito importante para o futuro do Hip-Hop/R&B americano por ter elevado o estilo a outro nível como já fez Kanye West há alguns anos ” (Lucas Repullo, do Monkeybuzz)
“Acho que os louros ficam para Frank Ocean, primeiro por ter lançado um dos melhores álbuns do ano, se não o melhor, segundo por ter saído do armário, o que pode ser levado até como banalidade, mas é preciso encarar que o cara faz parte de uma cena extremamente conservadora e machista em questões como sexualidade, além dele ter aberto uma porta para que outros rappers pudessem fazer o mesmo, o que acabou gerando uma pequena cena de rap queer” (Felipe Pedroso, do BLCKDMNDS)
“2012 foi um ano de poucos ícones na música, com poucos personagens relevantes e que se preocuparam em usar sua personalidade para algo maior, que vá além da sua própria carreira. Se pensarmos por esse lado, creio que quem se destacou mais, sem dúvidas, foi Frank Ocean. O fato dele ter lançado um dos discos mais elogiados de 2012 é um mero “extra” se comparado ao que ele fez para a cena rapper – extremamente homofóbica – ao depor e revelar sua homossexualidade um dia antes do lançamento do seu primeiro álbum, como se não estivesse nem aí para a mídia ou para o efeito que isso iria causar em suas vendas. Sua coragem foi determinante para avançar a conversa sobre a homossexualidade na música e, de quebra, o disco ganhou uma maior visibilidade, que, com suas letras sensíveis e extremamente pessoais, não deixou de fazer o devido sucesso” (Luis Felipe Salvador, do Oh My Rock)
##Metá Metá
“Tivemos ótimas novidades em 2012, mas o que fechou com chave de ouro foi mesmo o MetaL MetaL do trio Metá Metá. Além de um ótimo disco de música, é um disco para músicos. Um som que entra para dar um pouco de base para o que temos de novo na cena. Muitos músicos dessa nova geração bebem das origens de Metá Metá” (Web Mota, da Musicoteca)
“2012 marcou meus ouvidos com bastante coisa boa, desde a cara nova da Fresno à descoberta do curitibano Dabliu Junior. Mas no finalzinho do ano é que veio a grande surpresa: MetaL MetaL, segundo álbum do projeto do Kiko Dinucci – com Juçara Marçal e Thiago França – é o meu grande destaque do ano. Afropunk, orixás e um barulho maravilhoso fazem desse disco um trabalho excepcional!” (Thiago Dalleck, do Escuto no Metrô)
##Otto
“The moon 1111, porque eu sou fã do Otto e achei o disco muito verdadeiro. Tô ouvindo direto!” (Cícero)
##Tulipa Ruiz
“Para mim foi a Tulipa. Na primeira metade do ano, eu ainda ouvia insistentemente seu primeiro disco e uma gravação ao vivo de uma música inédita dela com o Marcelo Jeneci. Na segunda metade, veio o segundo CD dela e eu pirei. Fomos ver o show de lançamento no Auditório do Ibirapuera e foi muito foda. E o fato dela ter gravado uma música com o Lulu Santos é tipo uma vitória para toda uma geração” (Marcelo Perdido, diretor de clipes e metade da dupla hidrocor)
##Cat Power
“Cat Power, por ser uma das minhas artistas preferidas. Ela ficou seis anos sem lançar um disco de ineditas e esse novo é super diferente dos anteriores” (Diego Ciarlariello, fotógrafo)
##Cloud Nothings
“Nesse ano, li uma entrevista com Dylan Baldi, o cérebro do Cloud Nothings, e algo que ele disse me pegou de jeito. O menino falava sobre seu sucesso com a, agora, banda, seu segundo álbum, seus shows e tudo o mais, mas não parecia satisfeito: ‘Em Seattle, fiquei sentado em um McDonald’s por três horas – vi alguém ser eleito ‘Funcionário do Mês’ e ganhar uma placa na parede. Queria que algo legal acontecesse comigo alguma hora. Mas normalmente eu só fico esperando’, declarou, ali aos seus 20 anos, para a Rolling Stone. Pela declaração de Baldi, dá para perceber que o crescimento repentino ainda não é muito bem digerido por sua mente, prestes a sair da adolescência e encarar o mundo adulto, de fato. E Attack On Memory é um álbum sobre inconstâncias, afinal. É doente, é nervoso, é um pedido de socorro ao mesmo tempo em que grita ‘por favor, me deixa fazer a minha música e pronto’.” (Izadora Pimenta, do Backbeat)
##The Rolling Stones
“Os 50 anos de uma das melhores bandas de sempre” (Alexandre Gonçalves, do site português Musiclipse)
##Ben Howard
“Na minha opinião, foi o Ben Howard com o clipe Esmerelda. Tanto o vídeo quanto a música são incríveis. O conceito é simples, mas o resultado é impressionante. Demorei pra prestar atenção no trabalho dele, mas ouvindo com calma percebo que as músicas são profundas, simples e grandiosas ao mesmo tempo. Além disso, as letras são ótimas” (Eric Taylor)
##Grizzly Bear
“Gostei muito do novo deles, Shields. Pirei nos timbres, arranjos, letras e todo o mundo que eles conseguem criar dentro da nossa cabeça com a sonoridade desse disco. Me fez ouvir o antecessor (Veckatimest), do qual eu já gostava, com outros ouvidos. Foi o único disco lançado nesse ano, talvez junto com o do Leonard Cohen, que me pegou em cheio” (Filipe C.)
##Tame Impala
Tame Impala marcou a cena musical de 2012 justamente por apresentar um material que trabalha com uma base de influências extremamente familiares, mas que não ecoa como uma espécie de colagem do que já foi criado no passado, pelo contrário. Apesar de Lonerism mostrar uma grande retomada do que foi produzido no final dos anos 60 e ao longo dos 70, o disco traz todo o frescor de sintetizadores e invencionismos tão característicos no meio alternativo durante os anos 2000. É como se estivéssemos tendo a oportunidade de conferir como o psicodelismo do Led Zeppelin (dadas as devidas proporções) soaria se tivesse surgido agora. Há nitidamente o cuidado da banda em deixar o som totalmente acessível sem que se perca a qualidade ou espinha do modelo proposto anteriormente: Apocalypse Dreams, Mind Mischief, Feels Like We Only Go Backwards e Elephant são ótimos exemplos do hipnotismo sonoro criado pelos australianos, num trabalho em que pop, rock e experimentalismo foram perfeitamente dosados aos synths tortuosos da psicodelia. O resultado é um conjunto que não deve ter relevância somente em 2012, afinal, Lonerism já nasceu com cara de clássico” (Soraia Alves, do Rock’n’Beats)
##Death Grips
“Death Grips. Eles fugiram do lugar comum sonoramente, tocaram o foda-se para gravadora e vazaram o último disco na web, estrelando um pinto na capa” (Flavio Testa, do 505 Indie)
##Vivendo do Ócio
“A Vivendo do Ócio lançou um discão massa. Foda, mais maduro e que não deve nada a ninguém” (Rafael Kent, diretor de clipes e fotógrafo)
##James Blake
“James Blake, Pelo uso ‘inovador” que ele faz de toda a atmosfera na música dele. Me toca em todos os níveis… acho melancólico, sensível, mas, mais do que isso, é super elaborado tecnicamente e, em certo sentido, inovador mesmo nesse jeito que ele utiliza os baixos e as profundidades na música de modo estético” (Roger Valença, da banda Onagra Claudique)
##I Break Horses
“Entre muita coisa boa nova e antiga, destaco uma banda que editou um belíssimo álbum no final de 2011 e que me surpreendeu positivamente em concerto, são suecos e chamam-se I Break Horses. Pensei que seriam mais uma dessas bandas de estúdio, mas decepcionantes ao vivo, mas foi o oposto: teclados analógicos, batidas potentes e a voz de veludo da vocalista Maria Linden” (João Branco Kyron, da banda Beautify Junkyards)
##Alabama Shakes
“Uma das mais gratas surpresas do ano foi ver uma banda dessas fazendo sucesso. O som deles é cru, puro, bonito, mistura na dose certa soul e rock, e a Britanny Howards canta demais. Acho que Alabama Shakes marcou 2012 exatamente por mostrar para muitos que, para a música ser boa e merecer tocar em nossos ouvidos, ela não tem sempre que inovar, investir em uma estética nova, ou desprezar seu passado – basta ela ser sincera e bem executada” (Kaluan Bernardo, do Perdidos no Ar)
##Onze:20
“Acho que 2012 foi um ano meio difícil pro tipo de som que eu gosto, tanto que não consegui pensar em nada de bate-pronto para responder. No meio nacional, uma banda que batalhou o seu espaço e criou um belo disco foi os mineiros do Onze:20” (César Ovalle, ou Cesinha, fotógrafo)
##Mumford & Sons
“O meu ano musical foi marcado por uma das minhas bandas preferidas – Mumford & Sons. Eu passei 2009 inteiro ouvindo Sigh No More, que me lembrava muito outro grupo sensacional, o Beirut, e agora meu 2012 foi andando pelas ruas de São Paulo ouvindo Babel. Não tem banda melhor para aquele momento de reflexão solitária no caminho das coisas” (Vana Medeiros, do Temporada de Séries)
##A Internet
“Nissim Ourfali, aquela mina cantando na festa de 15 anos, o NADADENADADENADADENADADENADADE. 2012 vai ser lembrado como no ano que o maior artista não é artista, qualquer um pode ser” (Daniel Corrêa, do Ovo de Fantasma e do Tenho Mais Discos que Amigos)
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