Primeira Edição do Festival Turá Cumpriu Sua Promessa de “Mistura”
Se o nome Turá por si só não comunicava nada até recentemente, os cartazes e projeções durante o fim de semana de 02 e 03 de julho explicaram ao público no Parque do Ibirapuera (em São Paulo) de onde veio o termo – emprestado das palavras “abertura”, “cultura”, “mistura” e “releitura”. Sua missão era, mais do que isso, poder entrar no léxico dos frequentadores de festivais na cidade e no país como um novo sinônimo para a música ao vivo na cidade.
Esta sua primeira edição cumpriu o que prometeu já a partir do conceito, de celebrar a diversidade da música brasileira a partir da tal “mistura”. De Alceu Valença a Xamã, houve espaço para o samba de Mart’nália, o pop alternativo e tropical de Luísa e os Alquimistas e rockzinho simpático da banda Lagum. Emicida (com um show mais aberto ao samba do que nunca) e BaianaSystem fecharam o sábado e o domingo, respectivamente, na posição certeira de headliners.
O capricho da programação veio também com as substituições em cima da hora: Mahmundi, que abriria o festival no sábado, saiu por conta de uma faringite e quem entrou em campo em seu lugar foi Larissa Luz. Já Zeca Pagodinho, sob o diagnóstico do covid-19, cedeu seu espaço para um Paulinho da Viola emocionado com o mar de gente cantando suas músicas, mesmo tendo “caído de paraquedas” naquele palco (ele foi anunciado um dia antes do show). Mostra a abertura com que o público, em sua maioria, comprou a ideia da pluralidade musical, que não é exclusiva deste evento e é notada como uma constante em oportunidades de shows ao redor do país.
Dito isso, é preciso notar que, por melhores que os shows tenham sido, o line up replicou grande parte do que temos acompanhado não só em São Paulo, mas no Brasil como um todo. Vários dos nomes presentes no cartaz são os mesmos que vemos no circuito de festivais, como os já comentados no Guia. O principal diferencial ficou com os encontros promovidos no Turá: Nando Reis convidou Jão e Baco Exu do Blues cedeu espaço no palco para Illy e Marina Sena. Fora isso, a memória do público daqui algum tempo não saberá se esses shows aconteceram no Coala ou no Nômade, por exemplo (ou talvez em outro festival em outro estado).
A seu favor, Turá teve a estrutura de uma empresa com grande experiência (Time 4 Fun, a mesma que comanda a marca Lollapalooza no Brasil) e o cenário arborizado do Parque do Ibirapuera, com seu gramado, paisagismo e sombras (que fazem muita falta nos dois festivais do parágrafo anterior). Tudo isso fez com que a primeira edição tivesse já cara de veterana. Vejamos se as próximas terão também a coragem da inovação, além da expertise da execução.