Português Não É Só Brasileiro – Parte 1

mayra andrade

Combinar informações é uma ótima ferramenta que a gente deveria usar com mais frequência para descobrir coisas novas. Veja só como a coisa funciona:

1. Música boa vem de qualquer lugar;

2.A língua portuguesa tem por volta de 230 milhões de falantes, dos quais mais de 30 milhões não são brasileiros .

Combinando as duas afirmações acima temos o quê? Resposta: um infinito número de bandas e artistas fantásticos. Muitos deles(pasmem!) fora das fronteiras brasileiras.

É verdade que nós brasileiros somos muitos. Você ficaria, entretanto, surpreso ao ver a quantidade enorme de artistas sensacionais que saem de um país tão pequenino quanto Portugal, por exemplo. O país inteiro tem a população da cidade de São Paulo, mas tem cultura, tradição musical, criatividade e gogó que transpõem qualquer fronteira. Ou, ao menos, deveriam…

Também é verdade que há muitas diferenças entre nós falantes dessa complexa língua e que o nosso querido português é cheio de picuinhas que nos distanciam. Mas a música é capaz de ultrapassar as diferenças e tocar a todos nós, mesmo que a gente se perca um pouco num sotaque mais arrastado.

Precisamos restabelecer algumas políticas da boa vizinhança. Se o Brasil vive mandando prato de brigadeiro para os vizinhos, está mais do que na hora de receber de volta pastel de Belém, ao invés de prato vazio! Fiz uma seleção (muito modesta) que pretende promover um pouco esses artistas fantásticos. Alguns, pouco conhecidos, outros, completos desconhecidos dos “brasucas”. Minha lista é modesta, mas, nem por isso, muito curta. Vamos, portanto, dividir em duas partes essa degustação musical. Esperamos, assim, aproximar essa gente linda que se entende não só pela língua, mas pelo amor pela música.

##Os Azeitonas

Os portugueses conhecem as letras de cor. A primeira vez que ouvi Os Azeitonas foi quando eu realmente me dei conta daquela primeira afirmação lá de cima: música boa realmente vem de qualquer lugar. O grupo estourou com o álbum Salão América e acaba de lançar o novíssimo AZ no meio de 2013. A faixa Ray-dee-oh é o primeiro single.

##Deolinda

Sempre me perguntei como uma banda que não tinha percussão ou bateria conseguia marcar o ritmo. Essa dúvida sumiu quando vi este grupo pela primeira vez ao vivo e quando entendi que eram os quadris de Ana Bacalhau que marcavam o tempo do som inspirado no fado português.

##Tiago Bettencourt

Seu primeiro álbum solo foi produzido pelos mesmos estúdios de Funeral do Arcade Fire. Começou na banda Toranja mas depois enveredou pela carreira solo. O último álbum que continua a repercutir é o Acústico de 2012. Vale a pena conhecer a qualidade musical do rapaz.

##Luiz Caracol e Sara Tavares

Luiz Caracol fala de seu trabalho como uma “lusofonia mestiça”. De fato, sua música vem de todos os lugares, o que é uma delícia! Nessa mestiçagem é que entra Sara Tavares, também cantora e compositora portuguesa, de forte influência cabo-verdiana. A combinação dos dois é uma bomba de bons sentimentos. Uma das melhores parcerias de música portuguesa. Mas, com certeza, dois artistas individualmente muito importantes.

##Clã

O grupo nasceu na década de 1990, mas até hoje dá o que falar. Em 2011, lançou o álbum Disco Voador, considerado o segundo melhor álbum português do ano.

##Mafalda Veiga

Mafalda é, digamos assim, uma versão portuguesa da Julieta Venegas. Tem uma música muito sensível e muito delicada. além de 10 álbuns já lançados.

##Ornatos Violeta

Eles não existem mais – em teoria. Separaram-se com o começo do novo milênio, mas a sua contribuição para a música portuguesa da década de 1990 faz deles, até hoje, referência. Fizeram em 2012 alguns concertos, o que levanta a pedra que havia sido colocada sobre a banda após a separação. Não sabemos o que mais pode vir, sabemos apenas o que já foi feito: rock alternativo de peso com influências fortes do jazz.

##Mayra Andrade

Eu adoro essa mulher! Ela nasceu em Cuba, mas é uma das mais importantes promotoras da música cabo-verdiana. Mora em Paris, mas já rodou o mundo todo. Tem uma voz doce, afinadíssima e uma cadência maravilhosa de se ouvir.

Foi bom para vocês? Se gostaram, fiquem atentos à parte 2 que vem por aí!

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