Por Trás da “Imagem”, com ROSABEGE
“Um pacote de experimentações”: Não surpreende ouvir que ROSABEGE vê assim seu primeiro álbum, Imagem. Quem conhece o grupo de Niterói (RJ) sabe que não se trata de uma banda qualquer, mas de um “coletivo de produtores”, ou seja, os quatro integrantes estão ali criando, compondo e – principalmente – pensando as músicas. “Foi como se a gente tivesse passado um ano trancado no laboratório testando várias coisas em âmbitos diferentes”, como eles disseram ao Música Pavê.
Em uma conversa por Skype com Vitor Milagres, João Lucchese e Thiago Fernandes (só faltou Pedro Caiado para ROSABEGE estar completa), os músicos contaram que esse processo coletivo fez com que os quatro assinassem a composição de quase todas as onze faixas do disco. “Eram quatro caras que sentavam na frente do computador pra fazer música juntos”, em suas palavras, “é lógico que cada um trazia uma história de vida diferente e tinha outras aptidões – se um tinha mais habilidade no programa, o outro tinha mais sensibilidade pra fazer um sound design, por exemplo”.
Dos processos de experimentações para além da música, veio a ideia de um curtametragem que ampara Imagem conceitualmente: “Foi o jeito que a gente encontrou de expor umas experiências que a gente estava se propondo a fazer, de encontrar uma identidade e provar coisas novas com nosso corpo, se apresentar de um jeito diferente. O álbum fala muito sobre isso e o curta foi uma maneira visual da gente comunicar isso”.
“A imagem é uma coisa muito definidora”, explica o grupo, “a gente vive significando as coisas pela imagem e pelo nome. Se estávamos nessa descoberta da nossa identidade, de como queremos nos colocar no mundo como pessoa, e como queremos que os outros se abram também, sempre testando coisas novas, o nome Imagem foi muito importante. Hoje em dia, falando de um jeito mais superficial, é através da imagem que a gente se comunica com o mundo”.
Com todos os integrantes recém-ingressados na casa dos 20 anos – ou seja, todos de uma geração que viveu a adolescência já com Instagram -, essa maneira de dialogar com a realidade através da tecnologia influenciou também o conteúdo do disco, consideravelmente mais denso que seu Astral Mediterrâneo (2018). “Acho que no EP a gente estava brincando, se divertindo, conhecendo o processo e, quando a gente decidiu fazer o álbum, ele tomou esse lugar mais sério, introspectivo e de reflexão mesmo”, contam eles, “o EP comunica muito uma onda, mas as palavras ficaram muito no ar. No álbum, a gente quis comunicar de um jeito mais explícito as nossas questões de entrar na vida adulta”.
Isso é percebido ao longo dos versos, mas não só neles. “A palavra, por mais rica que ela seja, às vezes é um pouco limitante”, diz ROSABEGE, “ao mesmo tempo que a gente só consegue se comunicar através das significâncias e da linguagem. Isso é muito doido (risos). Acho que a imagem é mais rica que a palavra. O som não deixa de ser um estímulo imagético nas pessoas. O poder do som, o fato dele acontecer através do tempo, dele ter uma vida própria, um início, um meio e um fim, e você poder recorrer a ele em diferentes momentos da sua vida, tudo faz o som ser extremamente imagético”.
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