Por que o Indie Folk faz meu dia

mumford and sons

Depois de passar o dia cultivando argumentos para derrubar mentalmente os absurdos mais absurdos de uma sociedade patriarcal, moralista e burra – mentalmente porque, se eu confrontar de fato tudo que tem por aí, não sobrevivo – vou te dizer que o único jeito de fazer a minha fé na humanidade ressuscitar – sim, tem dias em que ela morre mesmo – é ouvir Indie Folk. Não sei se é o cúmulo da sinceridade das letras, o conforto de uma música tecnicamente perfeita ou o simples fato de que é uma delícia ouvir aquele violão dedilhado que me faz lembrar da alma que eu ainda tenho e outras  pessoas têm também.

É reconfortante pensar “há alguém nesse mundo que me entende”. Essa é a minha sensação quando escuto algumas bandas maravilhosas que estão por aí fazendo coisas novas, criativas e dando asas a sons que a gente descobre aos poucos ouvindo quinhentas vezes enquanto decora as letras sem querer.

O Indie Folk me faz sorrir. Mesmo quando está tudo uma porcaria, ele me faz inevitavelmente sorrir. Ele vem como um consolo, um ombro amigo ou um companheiro de grito. Porque quando precisa, tem grito.

E ainda tem aqueles instrumentos estranhos! Eles vêm do lado Folk de influência dos anos 1950 e 1960. O Indie Folk dá espaço para aquelas coisas que costumavam ficar no fundo do armário das bandas de rock de peso que tem um baixo, uma guitarra, uma bateria e um vocal – quando muito, um tecladista ou pianista. Nada contra as grandes bandas. Mas é sensacional ver como instrumentos considerados bizarros ou menores fazem diferença e deixam o som mais interessante, com mais textura, mais camadas sonoras para perceber. Alguma coisa me faz pensar que já havia uma ponta evidente disso em músicas como Going to California e Rain Song, além de That’s the way dos mais do que conhecidos Led Zeppelin.

Indie Folk dá saudade de uma coisa que a a gente não sabe bem definir o que é. De um lugar que a gente nunca viu, de alguém que a gente nunca conheceu. É um som naturalmente nostálgico. Deve ser porque parece vir da terra. O som parece brotar de raízes que a gente nem sabia que tinha.

Quando todos os meus pedacinhos estão pelo chão, Indie Folk junta todos eles e me faz inteira outra vez. Até sinto que dá para enfrentar o mundo lá fora. E se me sinto inteira, me sinto também parte de alguma coisa maior, vinda do fundinho de esperança que fica do eco da música quando ela acaba, mas continua rodando na minha cabeça.

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7 Comments on “Por que o Indie Folk faz meu dia

  1. Vomitei, tamanha a quantidade de gordura que respinga desse texto coxinha.

  2. Eu acho indie uma música muito pobre e pretensiosa.
    Mas entendo a sua dor com o mundo.
    Meu sentimento no FB é o de que não aguento hipócritas, falsos libertários, falsos reacionários, metidinhos a inteligentes e pessoas amorais que se escoram no lugar da contra-cultura (oposição) só pra criticar sem fazer PORRA nenhuma além de uns cliques idiotas (compartilhar/curtir) e twitaços.
    Sabe essa coisa bem sampa indie? Então, isso.

    Mas o indie tem coisas boas, mesmo eu não gostando e também tendo um bando de lixo que o Lúcio Ribeiro e Miojo Indie falam pra vc escutar: http://www.youtube.com/watch?v=J5nE1510oYo

    No mais, as suas indies e as clássicas citadas (Led) foram perfeitas.
    Vc realmente é inteligente. Dedico pra vc essa aqui no dia de hoje: http://www.youtube.com/watch?v=Tm4BrZjY_Sg

  3. Ah, a música do Fossil não é lixo.
    Ela é minha contribuição pra ti.
    O link ficou colado no parágrafo de cima dos yuppies infatilóides: Lúcio Ribeiro e Miojo Indie.
    Fossil tá com essa música bem legalzinha e não se confunde com eles.

  4. Gostei muito da maneira como você descreve os sentimentos que o Indie Folk provocam, sinto exatamente a mesma coisa.
    Parabéns pelo artigo, conseguiu colocar em palavras algo (quase) indescritível.

  5. nossa,vc descreveu exatamente oq eu sinto

  6. Pingback: Sobre os Monstros em Nós : Música Pavê

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