Pélico Ao Vivo: A Euforia é Nossa

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(foto de Manuela Scarpa/Rio Photo News)

É fácil acreditar quando Pélico fala que tocar no Auditório do Ibirapuera era um sonho – não só pelo local ser um dos mais consagrados de São Paulo, mas também porque sua sinceridade fala tão alto pessoalmente quanto está presente nas letras.

A noite em questão aconteceu em 2 de outubro e contou com grande (e excelente) banda e participações de Marcelo Jeneci, Caru Ricardo e Letícia Spiller. Quem mais brilhou, contudo, foi o cantor que apresentava um repertório focado em seu recém-lançado Euforia.

Não é arriscado afirmar que suas músicas nunca soaram tão bem quanto naquela sexta-feira. Sobrenatural mostrou sua força de hit e, ao lado de Meu Amor Mora no Rio, trouxe aquele clima carioca-dançante-anos-80 que mora no imaginário de quem tenta (re)viver hoje aquela época e lugar, enquanto Você Pensa que Me Engana fez o teatro cheio sambar mesmo sentado.

As dimensões de um palco enorme como aquele não são problema para o artista, que parece naturalmente fazer qualquer espaço virar intimista. Sua movimentação no palco é jovial e cativante, das dancinhas espontâneas aos sorrisos sinceros. Isso sem contar sua interpretação para cada uma das músicas.

Quando você conversa com Pélico, é interessante notar a maneira com que ele presta atenção em cada uma de suas palavras. Ele repete às vezes parte da sua frase para mostrar que entendeu e olha profundamente no seu olho mesmo quando o assunto é “só um oi”. No show, é sua vez de fazer cada um de seus discursos poéticos serem compreendidos em detalhes. São mãos, entonações e até olhares que fazem sua performance ser quase teatral, no melhor dos sentidos.

Em uma conversa anterior à apresentação, ele revelou não se considerar um grande cantor ou poeta, e entende que sua melhor característica está na interpretação. Vê-lo ao vivo é a prova concreta de que ele é um dos melhores intérpretes da música brasileira contemporânea – se não for o melhor. A maneira que sua voz sabe atingir o ouvido da maneira mais certa, principalmente em palavras tão bem escolhidas, argumentam contra sua própria consideração sobre as outras funções. Pélico é hoje um artista mais completo do que nunca.

Quem o acompanha há um tempo foi brindado com músicas de Que Isso Fique Entre Nós (RecadoNão Éramos Tão Assim dividem espaço com algumas outras como os pontos mais altos da noite) e até Naquela Casa (de seu disco de estreia, O Último Dia de um Homem sem Juízo). Todas encontraram bem seu lugar ao lado da força de composições novas, como Overdose e a própria Euforia.

O show no Auditório do Ibirapuera foi um verdadeiro presente para cada um dos que lá estavam. Não só porque não é sempre que podemos participar de shows de tamanha qualidade (não é exagero afirmar, inclusive, que suas músicas nunca estiveram tão boas), mas porque testemunhar o sonho realizado de alguém que tanto respeitamos é privilégio como poucos. Uma verdadeira Euforia coletiva.

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