Papatinho: “Meu maior trunfo é fazer essa mistura”

“Eu tô no estúdio falando contigo, tem gente em cada uma das três salas aqui, hoje às 21h vem o Black Alien. É sempre um encontro de gerações que me mantém vivo, informado e atualizado. É uma aula diária, uma vivência que aumenta a minha criatividade em todos os sentidos”.

Mesmo com um nome no diminutivo, Papatinho sempre traz muita coisa e muita gente consigo, assim como todo bom produtor. Cabeça do selo Papatunes Records, ele conta com um intenso trabalho ao lado do grupo ConeCrewDiretoria no passado e um single em parceria com Anitta, Ludmilla e Snoop Dogg no futuro próximo. Para o presente, ele traz seu EP Rio, que acabou de sair.

 

Logo que ouvimos as quatro faixas do disco, o que mais chama a atenção é como o trabalho mescla muito bem estéticas diferentes, mas que sabem conversar entre si. “Como produtor, meu maior projeto é esse, meu maior trunfo é fazer essa mistura e convidar uma galera de segmentos diferentes, mas que conversam entre si”, ele comentou ao Música Pavê por telefone. Sua ideia era fazer um panorama sonoro do Rio de Janeiro de hoje em músicas que dessem conta da soma de referências sob o sol que acontece na metrópole litorânea.

“Sempre quis fazer algo que levantasse a bandeira da minha cidade”, explica Papatinho, “eu cresci ouvindo esse tipo de som que hoje é referência no mundo inteiro, a galera curte muito essa sonoridade”. Ao lado de gente como Tropkillaz e Heavy Baile, entre outros, o produtor tem feito um trabalho interessante de misturar o que conhecemos da periferia com o que vem do mainstream – aquilo que já inspirou gente do calibre de Major Lazer e M.I.A., por exemplo.

A abertura com Poxa Vida (a única faixa sem parcerias) já dá pistas do que encontramos no restante de Rio. “Nesse EP, tentei criar essa estética totalmente carioca”, comenta o produtor, “as harmonias são mais do soul, mas com vários picotes de vozes e samples, que são a minha onda. Misturei com funk, trap, pop… não é uma coisa só, é tudo isso”. 

Muito empolgado para falar sobre seu trabalho, ele conta que observa como esse processo de soma não só de estilos, mas de pessoas, é uma característica desta época. Como na fala que abre o texto, ele faz questão de dizer como suas produções vêm de conexões com artistas muito diferentes e frisa que foi intencional ter Ferrugem (do samba), MC Kevin O Chris (do funk) e L7NNON (do rap) juntos em Dois Copos.

E sobre a faixa com Anitta, Ludmilla e Snoop Dogg? “O single é da Anitta, não posso falar muita coisa ainda”, se esquiva, “mas estamos na ansiedade pro Snoop mandar os versos logo. Cresci ouvindo o cara, não tem nem o que falar sobre isso”. Ainda assim, pressiono para ele comentar alguma coisa, nem que seja só um adjetivo, ao que ele responde: “Escreve assim: ‘poxa vida’ (risos)”.

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