Sobre os Monstros em Nós
Eu não me lembro da primeira vez em que ouvi Of Monsters and Men. Mas me lembro da primeira vez em que realmente a ouvi tocar. Quero dizer com isso que não tinha dado muita atenção a essa banda em específico mais do que tinha experimentado boas experiências com outras indie folks. Ela era só mais uma. Interessante sim, mas só mais uma. Algumas coisas mudaram com alguns vídeos. Devo dizer que me empolguei (muito!) com os recursos visuais que estava demonstrando. Em pouco tempo, não sei bem dizer como, Of Monsters and Men passou a ocupar um local especial na minha estante musical e, devo dizer, no meu coraçãozinho. Por mais estúpido e sentimental que soe, um belo dia, ouvindo Love Love Love, pensei: “Pois é, não sei como, mas vocês me conquistaram”.
Foi quando, no dia 30 de março de 2013, tive finalmente a oportunidade de vê-los ao vivo. Eu, que já tinha ido a concertos de grande peso, de bandas incríveis como Pearl Jam e Oasis, me vi na plateia destes seres adoráveis a-mando (d)o MusicaPavê. Algo de extraordinário aconteceu naquele dia: senti que aquele era “O” show. E ainda sinto. Fui a grandes concertos depois desse em 2013, como Keane e John Mayer – que eu já esperava há séculos. Nada mudou.
Of Monsters and Men nos sideshows do Lollapalooza no Cine Joia foi o melhor show da minha vida. E não foi por falta de concertos incríveis que cheguei a essa conclusão. 2013 foi um ano agitado. Mas apenas porque a proximidade da banda com o público e o envolvimento dos fãs me pareceu inacreditável. Não fui a única a sair do show dizendo “esse foi o melhor show da minha vida”. Na verdade, quanto mais falava com as pessoas que presenciaram aquelas duas horas, mais tinha a certeza de que havia participado de algo grandioso.
Claro que o Of Monsters and Men me remete a tudo aquilo de bom que eu sempre achei de Indie Folk como a “saudade de uma coisa que a a gente não sabe bem definir o que é” da qual eu falei alguns meses atrás, quando estava tentando entender o que eu sentia por esse estilo musical. Talvez seja uma saudade de nós mesmos, sabe? Uma saudade de uma parte nossa que a gente ainda não conhecia e que descobre ouvindo a música do grupo. Como uma comida boa que a gente não sabia que gostava até colocar o primeiro pedaço na boca e saborear.
Enfim, o que se pode dizer de quem se auto-define “um amável grupo de pessoas que sonham acordadas” (“amiable daydreamers” )? A verdade é que tão ou mais rápido do que um lugar na minha estante musical, Of Monsters and Men ganhou um lugar de destaque na maior parte dos blogs especializados e se espalhou por todos os lados do globo. Os sonhadores começaram a compor músicas juntos em 2010. Little Talks foi o primeiro single a ser ouvido por todo o planeta. Em 2011, lançaram seu primeiro album na Islândia, seu país de origem e, em abril de 2012, se lançaram no mundo. Desde então, vem fazendo só coisas lindas e inspiradas.
Não sei se as pessoas realmente reparam no que as músicas desse conjunto dizem e se tem o trabalho de pensar a respeito das letras. Mas se o fizerem, vão ser obrigados a exercer um grande esforço para sair de dentro do rodamoinho onde estão entrando. Pensamos sobre as pessoas que nos circundam primeiro, já que é mais fácil ver o monstro nos outros, mas, se formos mais a fundo, no fim das contas, passamos ao exame interior e nos fazemos uma inevitável pergunta: somos monstros ou homens? Eu sou um deles, os dois ou nenhum.
Curta mais de Of Monsters and Men e da série especial O Som de 2013 no Música Pavê