O Inimitável Rei

Na semana comemorativa dos 71 anos do rei Roberto Carlos, nada mais justo que dissecar um dos seus mais preciosos álbuns.

Tive uma infância maravilhosa, não diferente das demais, numa época sem acesso a Internet em que a rua definitivamente foi playground de uma geração toda. Digo isso por ter sido em tempos distantes a primeira vez que ouvi a jovem guarda de Roberto e Cia. Lembro que era normal ouvir as canções de amor do rei em qualquer lugar, seja na velha mercearia, na casa do vizinho e ou até em uma lotérica.

Em casa não foi diferente. Meu pai possui todos os álbuns do capixaba, sempre os ouvíamos e, por um bom tempo, essa foi a trilha sonora da minha família. No universo de seus discos distintos, o trabalho que chama a minha atenção é o Inimitável, lançado em 1968. Um marco em sua carreira, o álbum simboliza o momento que o cantor deixava o comando do seu programa Jovem Guarda na Record e partia para novos rumos em sua carreira.

A carreira de Roberto em Inimitável registra sua maturidade pessoal, a vontade de embarcar em canções menos ingênuas e mais elaboradas e o seu breve flerte com o soul, podendo ser ouvido na canção Se você pensa.

Só para entender a importância do registro, algumas canções daquela época vivem até hoje no imaginário popular, como: Eu Te Amo, Eu Te Amo, As Canções Que Você Fez Rra Mim, Ciúme de Você, Não Há Dinheiro Que Pague e a arrasa quarteirão Ninguém Vai Tirar Você de Mim.

Vemos também um cuidado especial na sua voz casando bem com as melodias, o que sobressaiu pela primeira vez o ritmo que em outrora era o grande destaque de suas obras. Uma curiosidade é que, numa lista recente da versão nacional da Revista Rolling Stone, o álbum aparece na 82ª colocação dos melhores discos brasileiros de todos os tempos.

A história brilhante de um artista que fez obras eternas, entrando em tantos lares nacionais, vivenciando inúmeras circunstâncias. Músicas que influenciaram gerações inteiras.