MP Seleciona: Vinte Músicas de 2019

Entre clipes, playlists, matérias, shows e recomendações em redes sociais, foram muitas as faixas que passaram pelo Música Pavê durante o ano. A partir de uma seleção que já priorizava apenas as de grande qualidade, a equipe do site ouviu mais algumas vezes, discutiu e voltou no que resultou a lista de Vinte Músicas de 2019.

Elas sintetizam muito do que escutamos, mas também do que vivemos, no período. Há espaço para festa, mas também para reflexão. Algumas trazem mensagens urgentes a nível macro, enquanto outras exploram dimensões bastante interiores. Entre hits de grande popularidade e faixas bem menos conhecidas, a seleção oferece um grande panorama do que chegou de melhor aos nossos ouvidos em 2019.

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Billie Eilish – bad guy

Duh! Billie Eilish, que já passou aqui pelas músicas selecionadas de 2018 com sua sussurrada e grave You Should See Me In a Crownnos entregou nesse ano umas das melhores experiências do pop. Sabendo ser chiclete na medida certa, ela mistura seu terror de uma bad guy, com seu lado mais divertido que anuncia uma batida dançante com o sonoro – e caricato de adolescente – “duh!”. É musica alternativa, é pop, e arrisco dizer uma forte candidata a música de karaokê nos próximos anos pra toda uma geração. (Matheus Moreira)

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Ana Frango Elétrico – Saudade

A faixa abre o disco Little Electric Chicken Heart entregando que Ana Frango Elétrico pode até se inspirar por movimentos clássicos da música brasileira – só nessa composição, ecoam bossa, samba, MPB setentista -, mas não está disposta a seguir lugares-comuns. Aqui, a afiada banda faz uma longa introdução quase totalmente instrumental, a não ser pelo mantra do nome da música, abrindo caminho para um único verso fragoeletriquiano, já quase aos 3 minutos: “Talvez não tenha tanto medo assim / De trovão”. Um ótimo começo para um disco tão pé no chão quanto surpreendente, tão reverente quanto fresco. (Nathália Pandeló)

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BaianaSystem – Bola de Cristal

Difícil entender como uma mistura tão grande de geografias e temporalidades pode soar tão incrível. A sensação é de que Bola de Cristal é um episódio importante da história da música brasileira, uma alquimia perfeita entre inúmeros elementos orgânicos, elétricos e eletrônicos, capaz de agitar multidões ao vivo e soar cristalina nos fones. A poesia é tão poderosa quanto acessível. A melodia, especialmente no refrão, é daquelas que se ouve uma vez e não se esquece. (João Barreira)

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Harry Styles – Lights Up

Sem nem chegar à marca dos 3 minutos, Harry Styles entrega muito conteúdo – em música e em letra – na faixa que iniciou a divulgação do álbum Fine Line. Pop por excelência nas batidas e na vibe crescente, Lights Up é também anti-pop ao trabalhar um conteúdo quase existencialista. Ela é sobre se conhecer e confrontar sua própria escuridão, uma proposta que o mainstream nem sempre dá conta (ou se arrisca) de tratar. Tão empolgante quanto surpreendente, é um não-hit de respeito. (André Felipe de Medeiros)

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Rosalía – Aute Cuture

Madre mía, Rosalía, bájale! Como um caminho quase que natural depois do disco El Mal Querer – rico em conceito e referência – e Con Altura, seu reggeaton farofento de qualidade em parceria com J Balvin e El Guincho, ¡La Rosalía! juntou o melhor dos dois mundo em Aute Cuture. A faixa segue com as palmas flamencas já conhecidas do trabalho da cantora, mas aqui com um toque muito mais urbano e gângster – e o clipe não nos deixa mentir sobre essa segunda parte. Foi mais um acerto, tanto sonoro quanto visual, da artista espanhola. (Matheus Moreira)

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Emicida + Majur + Pabllo Vittar – AmarElo

É bonito acompanhar a diversidade abraçando essa canção. AmarElo é um grito para quem não é homenageado ao fim do dia, um suspiro capaz de levantar a auto estima de um falecido com vida. Socialmente, é um remédio para a minoria chorando, morrendo nos escombros das injustiças sociais, mas que, através da resistência, ressuscita a cada segundo. Viva, Emicida, Pabllo Vittar e Majur. Essa música estará presente nos livros de história. (Rômulo Mendes)

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Céu – Coreto

Maria do Céu é chique sem soar blasé, sinto degustando um belo vinho seco ouvindo suas canções. O tempo escorre vagarosamente e a gente comemora a vida só por ela existir. Coreto, certamente foi a música que mais ouvi esse ano. Essa canção é bela em detalhes, sua sonoridade reconstruí um universo, a voz que habita é um convite para ficarmos. Ouça e replay, essa é a lei. 

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Frank Ocean – In My Room

Frank Ocean é um artista sutil. Sem muito estardalho, ele aparece apresentando novos singles, literalmente do dia para a noite. Com batidas simples, In My Room traz à tona a intimidade daqueles que dividem o mesmo quarto, os mesmos comprimidos, mas já não se conhecem mais. Nessa quebra da intimidade, parece haver espaço apenas para as ameaças. Os jogos de palavras que o músico vai construindo abrem caminho para a complexidade desse não-reconhecimento. (Letícia Miranda)

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James Blake + Travis Scott + Metro Boomin – Mile High

Um dos primeiros grandes lançamentos de 2019 chega ao fim do ano como uma de suas faixas mais intrigantes. Mile High é romântica em seu erotismo, utilizando a figura de linguagem de transar em um avião para qualificar uma intimidade tão intensa. Nem sexy, nem vulgar, a faixa coloca o rapper Travis Scott para cantar e James Blake para versar em um terreno vocal muito diferente do que costuma fazer – uma troca de papéis que reforça o simbolismo de uma dinâmica que funciona tão bem entre duas pessoas. (André Felipe de Medeiros)

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Wado – Antifa

Wado afirma: “Não serei omisso na terra onde eu habito”. O inicio da música gera a impressão de ser um relato sobre uma situação pessoal. No entanto, a letra vai indicando um desabafo referente aos tempos difíceis que o Brasil vive. A canção é curta, porém manda o recado: “Não é hora de bater em retirada”. Artistas instigantes não deixam passar as mazelas sociais, há sempre uma narrativa e palavras para lançar ao universo com intuito de entender ou ler o que acontece.  (Rômulo Mendes)

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Terno Rei – Dia Lindo

A segunda canção do álbum Violeta coloca a cabeça do ouvinte para as paisagens mais intimas de si mesmo. Atmosfera musical para contratempos da própria vida. Uma música com apenas um minuto e cinquenta que abre tantas janelas para a nossa singularidade. (Rômulo Mendes)

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Baleia – Tudo Falta, Você Sobra

Poucas bandas traduzem tão bem os anseios geracionais como Baleia. Tudo Falta, Você Sobra caminha menos pela liquidez – já mais entendida e explorada pelos artistas da geração – e foca na complexidade, visceralidade e validação de sentimentos tidos como antagônicos, como raiva e saudade, receio e urgência. O arranjo faz jus à excelente composição, com intensidade rítmica, linhas melódicas marcantes e criativas e os jogos de vozes já característicos do grupo. A faixa é um marco na carreira de uma das melhores bandas do Brasil há anos. (João Barreira)

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Tame Impala – Borderline

Todos os elementos que formam os grandes hits de Tame Impala estão presentes em Borderline, single que estará no novo disco da banda em 2020: os sintetizadores, o baixo marcante, a batida repetitiva, o auto tune usado na medida na voz de Kevin Parker. De novidade, somente uma percussão discreta. Mesmo assim, a faixa consegue ser uma das melhores já lançadas pelo grupo. Perfeita para as pistas de dança. Depois de tantos anos sem músicas novas, não é fácil superar as expectativas em cima do sucessor de Currents. Tame Impala prepara o terreno para um ano que promete ser promissor. (William Nunes)

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Apeles – A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Seus Braços

Apeles mostra um romantismo melancólico dos mais gostosos de ouvir em A Alegria dos Dias…, faixa que compõe o segundo álbum do compositor Eduardo Praça. É daquelas músicas para cantar baixinho enquanto observa a paisagem pela janela do metrô, sabe? Embora a aura melancólica possa te remeter aos anos 80, a vibe dançante da música traz a canção para o presente, contemporânea de tantos indies que escutamos por aqui. E o melhor de tudo é que, dessa vez, ela vem daqui mesmo.

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Clarice Falcão – Mal Pra Saúde

Para um álbum que discute abertamente saúde mental, Tem Conserto consegue trazer um olhar quase bem-humorado sem diluir a importância de questões como relacionamentos abusivos. Boa parte desse mérito é de Mal Pra Saúde, faixa com inspiração oitentista carregada em sintetizadores pop que se revela um adeus a um convívio tóxico. É apenas um dos passos ao longo do caminho da faixa-título, que encerra o álbum em clima de redenção. (Nathália Pandeló)

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Lana Del Rey – Fuck It I Love You

Dramática e com personalidade única, Fuck it, I Love You exala o que Lana Del Rey faz de melhor: escrever sobre amor. Ela canta sobre sua vida e seus vícios, e nos leva em uma jornada a procura de uma escapatória. Com o modo como constrói os seus versos e canta, Lana consegue trazer um appeal sexy, mas triste. Tudo isso mostra o quanto Lana Del Rey pode trazer a mesa, mesmo utilizando métodos “simples”. (Carolina Reis)

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Zéfiro – Latifúndio

A composição musical é um campo muito fértil para o nascimento de boas metáforas. Em Latifúndio, faixa que faz parte de Terra Fechada, primeiro álbum cheio da banda brasiliense Zéfiro, os versos são permeados por palavras que se deslocam em diferentes direções. Ampliando o significado das palavras a banda apresenta um terreno grande, onde as coisas estão distantes e afastadas em contraste com espaços menores e mais íntimo, onde residem os afetos. (Letícia Miranda)

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Lizzo – Truth Hurts

O hino que todas as mulheres que sofreram um termino precisavam. O ar cômico que a canção traz só enaltece a força que Lizzo quer transmitir. Truth Hurts não soa como qualquer outro hino pop, o modo como a artista brinca, rima e pronuncia as palavras nos traz algo refrescante em meio a tantas músicas parecidas na rádio. Uma canção chiclete que enaltece nós mulheres da melhor maneira possível. (Carolina Reis)

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Silva + Ludmilla – Um Pôr do Sol na Praia

Sabemos que o pop brasileiro está em outro nível quando duas figuras tão diferentes dialogam tão bem. Juntos, eles conseguem ocupar um território musical livre, cheio de sorrisos e adornados por suas vozes. O resultado é a prova de como Silva é craque em cativar nossa atenção com timbres certos e arranjos caprichados, e como Ludmilla se impõe cada vez mais como uma voz versátil e cheia de personalidade. (André Felipe de Medeiros)

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Duda Beat + Mateus Carrilho + Jaloo – Chega

Uma música com tanta atitude que chega a intimidar o ouvinte que entrou na pista despreparado. Brasileira por excelência e contemporânea por natureza (ou vice-versa?), a parceria virou o hino obrigatório nas festas desde que foi lançada, e tem fôlego pra embalar o verão inteiro. É a consolidação de um novo momento no pop brasileiro: Colaborativo, plural e sempre muito divertido. (André Felipe de Medeiros)

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