MP Seleciona: Oito Capas de Disco de 2018

Mais do que trazer uma imagem bonita, uma boa capa de álbum é aquela que fica marcada em nossa memória como “a cara” que um disco tem. Da mesma forma, as melhores delas são aquelas que, de um jeito ou de outro, traduzem um pouco do conteúdo musical em uma linguagem visual.

Seja com melancolia, caos, introspecção ou crítica social, estas foram as artes que a equipe Música Pavê elegeu como as de maior destaque dentro dos lançamentos que aconteceram ao longo de 2018.

Years & Years – Palo Santo

Em 2018, o grupo britânico veio com o seu segundo álbum, Palo Santo, carregado de uma temática futurista. A parte visual soube enfeitar bem a saga criada em torno do disco, seja nos clipes ou na capa cheia de simbologia e representante dessa identidade futurista. Simples, porém bem conectada com a proposta (e de muito bom gosto). (Lucas Gabriel Bosso)

Mahmundi – Para Dias Ruins

A primeira impressão que tive quando vi a capa de Para Dias Ruins foi de alguém reflexivo. Mahmundi superou muita coisa para chegar aonde está hoje e seu disco mais recente parece não deixá-la esquecer disso. A foto da capa prefere não dizer muita coisa de maneira explícita, mas deixa margens para interpretações nas entrelinhas. Sabe quando a gente ocupa a mente só pra não pensar em algo? Basicamente isso. (William Nunes)

The Carters – Everything Is Love

Beyoncé e Jay-Z acertaram em cheio ao promover o empoderamento da cultura de raízes africanas ao utilizar o Louvre – sem dúvidas, o museu mais famoso do mundo – como figura de linguagem para a validação de seus lançamentos. Dois pretos arrumando o cabelo com a Monalisa atrás é a cena que o mundo precisava ver para enxergar com toda a clareza possível que a produção afrodescendente pertence ao universo das artes de mais alto nível. (André Felipe de Medeiros)

Silva – Brasileiro

Silva olha no espelho, reflexo de quem já conquistou um patamar interessante na música brasileira. Em seu quinto álbum, Brasileiro, a sua capa sintetiza a definição do título ao mesmo tempo em que consegue encaixar as principais características do cantor, o erudito e o popular ocupando o mesmo espaço.  Na imagem, podemos ver uma rua de asfalto, indicando um local periférico, e uma camiseta pendurada em um varal, mostrando a pintura do artista olhando o tal espelho. Criatividade e uma evidente decisão de nadar contra maré, já que esse álbum é uma leveza escassa em tempos conturbados. (Rômulo Mendes)

Moons – Thinking Out Loud

Além de construir um disco equilibrado, o sexteto mineiro, elabora cuidadosamente sua identidade visual. Em diálogo direto com a melancolia do álbum, é possível ver um retrato meticuloso do folk que imunda as canções. A capa é um dos tons desse trabalho. Um dia nublado, azulado, com cores frias. A fotografia nos aproxima das linhas melódicas apresentadas. O retrato é feito de dentro da casa; a janela é também a moldura, o enquadramento dessa intimidade. (Letícia Miranda)

Wado – Precariado

Wado é dono de uma das mais consistentes produções fonográficas dos últimos anos na música brasileira, sempre prezando por capas com ilustrações provocadoras – e seu 10º disco não é diferente. A arte é de Dorgi Barros com ilustrações de Moisés Crivelaro, feitas à mão com caneta Bic. Elas trazem um olhar singelo a interpretações bizarras de mutações animalescas – uma estranheza muito bem aproveitada nas próprias canções. (Nathália Pandeló)

Baco Exu do Blues – Bluesman

A leitura da potência de Bluesman começa pela capa. A fotografia de João Wainer mostra um homem negro, no pátio do Carandiru, tocando guitarra. Ele está inclinado, evidenciando que está tocando – o que poderia ser um Blues, o “primeiro ritmo a tornar pretos ricos” e livres. As inscrições na capa parecem marcar coordenadas do próprio álbum. Assim como a Escala de Blues é uma passagem, um caminho para a improvisação, o disco de Baco diz de urgências, de um corpo em trânsito. (Letícia Miranda)

Rhye – Blood

Rhye tem uma estética bastante específica em sua arte e a nova capa não foge dela. Blood traz a fotografia de uma mulher com o nome do disco bem onde o sangue flui uma vez por mês. Isso é bem significativo. Para Michael Milosh, vocalista, o álbum é sensível, “macio” e a capa captura tudo isso e, ao mesmo tempo, acentua a feminilidade presente em suas músicas. (Carolina Reis)

Acompanhe o especial 2018 no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.