MP Seleciona: Oito Artistas de 2018

2018 pode ter sido o ano mais particular da história de nossa geração até agora. Difícil pensar em alguém que não tenha sofrido de alguma forma com toda a configuração que o mundo de hoje apresenta, desde a opressão de populações inteiras até a exigência de um bem estar aparente em meio ao caos que parece não dar trégua.

Em meio a tudo isso, a música seguiu firme e forte com todos os seus papéis, do amparo emocional às denúncias do que está mal na sociedade. De todas as bandas e artistas que passaram e deixaram suas marcas pelo Música Pavê ao longo do ano, estes foram aqueles que a equipe do site votou e selecionou como os que serão lembrados como destaques de 2018 pelas conquistas realizadas nesses doze meses e pelo que suas obras representaram durante o período.

Baco Exu do Blues

Falar de amor tornou-se um ato subversivo. Diogo Moncorvo fez as vezes de líder dessa revolução pelo segundo ano consecutivo, com conceitos bem amarrados, poesia certeira e insubmissão também a qualquer regra que tentem impor ao rap. Bluesman veio como prova de que Esú (2017) não foi um caso isolado em qualidade ou repercussão, e de que o artista está livre para seguir impactando um país tão racista como o Brasil tem se mostrado.

Duda Beat

É incrível ver uma artista usando da sua arte como terapia e, ao mesmo tempo, ver pessoas ouvindo essas canções para entender a própria dor – caso de Sinto Muito. O que fez Duda Beat se destacar foi o modo como conseguimos nos relacionar com músicas sobre esse amor contemporâneo, no qual “amamos” muito rápido e pensamos pouco no outro, transbordando afeto, raiva, sensualidade e honestidade, de modo que você sofre e se sente empoderada ao final. (Carolina Reis)

Rincon Sapiência

Parafraseando o próprio rapper, seu papel é meter a dança e mostrar sua sonoridade que rima com ancestralidade africana. Apesar de não ter lançado álbum em 2018, Rincon conseguiu manter-se em destaque ao longo ano, com presença em hits como Ginga, da cantora Iza, além de criar sua própria produtora, responsável pelo lançamento do single Placo. Cheio de contextualização, inteligência e suíngue, o manicongo não para e alça vôos cada vez maiores. (Rômulo Mendes)

Childish Gambino

A irreverência de Donald Glover o coloca em destaque dentro do cenário artístico mundial, criando conteúdos relevantes e significativos. Na música, ele é conhecido como Childish Gambino, e é nesse espaço que suas qualidades parecem ser potencializas. Reunindo sua atuação, seu senso de humor e evidenciando seus posicionados políticos e sociais, o aclamado clipe de This Is America não deixa dúvidas sobre a força e a responsabilidade desse artista. (Letícia Miranda)

Tuyo

Criatividade, sentimento, musicalidade, emoção e uma boa dose de honestidade: São muitas as forças que Lay, Lio e Machado levam ao palco, em um show tão completo quanto sua união de grandes vozes com uma bela ambientação. Não bastasse a impressionante beleza de seu Pra Curar, Tuyo marcou presença em lançamentos de artistas que tanto ouvimos no ano. Melhor ainda é observar que essa história ainda está só no início.

Kali Uchis

A artista colombiana-americana tinha colaborações com Gorillaz, Juanes (com quem foi indicada ao Grammy Latino) e Tyler, The Creator antes de lançar o 1º disco. Com Isolation, Uchis trouxe novo fôlego ao R&B com sua mescla jazz, hip hop, reggae e bossa nova. O vocal delicado é potencializado por um visual riquíssimo. Ajuda ter colaboradores de renome – Damon Albarn, Thundercat, BADBADNOTGOOD – mas Kali só faz tanto barulho por ser ela mesma: uma artista única. (Nathália Pandeló)

Iza

A trajetória de sucesso de IZA vem sendo desenhada há um tempo. O lançamento de Dona de Mim em 2018 trouxe a confirmação de que estamos diante de alguém que tem tudo para ser a diva pop brasileira por muitos anos, principalmente por trazer representatividade e empoderamento ao mesmo tempo em que é acessível ao grande público. Não é mais necessário olhar para a gringa atrás de um exemplo de pop e R&B de qualidade.  (William Nunes)

The 1975

A banda chegou ao terceiro disco com um dos trabalhos mais provocadores do ano. Após o laureado I Like It When You Sleep (…), o vocalista Matty Healy escreve do ponto de vista millennial sobre vícios, obsessões e amores em A Brief Inquiry into Online Relationships, citando Trump, Kanye e até com participação da Siri. E se recusa a ficar na caixinha, flertando com jazz e eletrônica. The 1975 desafiou o conceito de pop – e nem sabíamos o quanto isso era necessário. (Nathália Pandeló)

Acompanhe o especial 2018 no Música Pavê

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