MP Seleciona: Discos que Amenizaram o Estrago de 2020

Mais do que nunca, álbuns foram combustível neste ano. Eles queimaram à exaustão para que nós, que somos movidos à música, aguentássemos pandemia, quarentena, desastres ambientais e a ausência completa de governo – nas causas locais para alguns, em âmbito nacional para todo o Brasil. Enfim, 2020, né?

O Música Pavê passou o ano atento aos lançamentos, com a equipe compilando dicas mensais de bons discos, além de matérias inteiras dedicadas a lançamentos neste formato. E agora chegou a hora de conhecermos aqueles álbuns que mais se destacaram para os pavezeiros.

(Lista sem ordem específica)

Djonga – Histórias da Minha Área

O rapper lançou mais um álbum que deu um tapa na cara de muitos ouvintes. Com sua voz repleta de orgulho, abraçada com amor e raiva, entrega suas histórias de maneira crua e direta. Ele é um músico único e representa algo gigante na música nacional, retratando em seu rap a realidade bruta de muitos brasileiros. (Carolina Reis)

Fleet Foxes – Shore

Sempre quando penso em Fleet Foxes, solicito paisagens de tempos à minha própria mente. Naturalmente, essa percepção combina ligeiramente com a própria sonoridade que a banda de Seattle sugere engendrar. Em Shore, os retalhos e a calma passada continuam a nos entregar uma beleza sonora digna para desacelerar as horas. (Rômulo Mendes)

Luedji Luna – Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água

Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água impressiona por tudo que o envolve: sua estética e sonoridade, seu lirismo e conceito. O resultado é delicado e sofisticado – me lembra Blackstar (2016), de David Bowie. Os elementos jazzísticos se juntam à poesia de Luedji Luna, colocando as origens baiana e africana (parte das gravações aconteceram no Quênia) da artista em evidência. Coloca mulheres pretas em evidência. Lindo do começo ao fim. (William Nunes)

Marcelo D2 – Assim Tocam os MEUS TAMBORES

Com um processo de criação aberto ao público, transmitido por Twitch, o músico carioca fez uma obra essencialmente contemporânea: Cheia de colaborações, rica em samplers, de muita personalidade na sonoridade trabalhada e aquela mensagem afiada à la Marcelo D2 que tanto curtimos. Daqueles discos que revelam algo novo a cada audição; É música para durar mais muitos anos. (André Felipe de Medeiros)

Lianne La Havas – Lianne La Havas

Escutar o homônimo disco de Lianne La Havas é mergulhar em um universo agradável e familiar – mesmo para quem não conhecia a artista. Nessa imersão somos convidados a encarar o que está à nossa volta, olhar com atenção e com generosidade. Lianne navega pela via do acolhimento. Há cinco anos a britânica não lançava um disco e a espera valeu a pena. Certamente estamos diante de um dos discos mais bonitos deste ano. (Letícia Miranda)

Hot e Oreia – Crianças Selvagens

Um dos duos mais sagazes do rap brasileiro exercita em seu novo álbum a desconstrução masculina de uma forma bastante honesta sem esquecer de toda questão política envolvida nos tempos regentes. A cada trabalho lançado, os mineiros cravam seus nomes para além de um gênero específico com destaque pela criatividade e relevância. (Rômulo Mendes)

Lido Pimienta – Miss Colombia

A narrativa que conduz Miss Colombia é um tributo e um testemunho da densidade criativa de Lido Pimienta. As múltiplas camadas que o disco apresenta ampliam os questionamentos levantados pela artista e mostram um trabalho sensível e bonito apesar de toda dor. Com esse álbum, Lido afirma que é uma mulher latina com interesses diversos e com uma sonoridade que não se restringe a um gênero, mas passeia por onde desejar. (Letícia Miranda)

Fiona Apple – Fetch the Bolt Cutters

Uma artista conhecida por sua força criativa em uma obra que trabalha a música em seu estado mais cru e visceral. Fiona Apple trabalhou seu amadurecimento nos oito anos que separam este lançamento de The Idler Wheel… (2012) e nos entregou sua melhor obra até agora (frase repetida a cada disco que ela lança). Mais que um álbum, é um convite para entrar em sua poesia e sair maravilhosamente desgraçado das ideias. (André Felipe de Medeiros)

Acompanhe o especial 2020 do Música Pavê

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