Michel Teló na Billboard – Uma Opinião

Se existe um momento em que se está receptivo (aleatoriamente) a tudo que vier é quando se liga o rádio em São Paulo. O que não é ruim, apenas afirmo que é um momento que deixa estar qualquer que seja a informação.

Hoje, pela manhã, soube que Michel Teló estreou na Billboard, a lista das 100 músicas mais populares da semana nos Estados Unidos. “Ai Se Eu Te Pego” estreou na 95ª posição das HOT 100, considerando vendas em lojas, Internet e número de vezes em que o single tocou nas rádios.

Não achei nada estranho. Uma hora isto ia acontecer. Não é a música de 45 palavras o novo chiclete (earworm) internacional? Até na Europa a música toca (e a toda hora). Muita gente vai discordar do valor desta notícia, mas o cara está aí, conquistando o público de todos os cantos com algo simples, um ritmo gostoso, uma letra boba. E daí? Uma das opiniões comentadas hoje no rádio foi a de que, por um lado, esta estréia mostra algo de bom. Afinal, importamos tanta porcaria do exterior….chegou a nossa hora de exportar um pouquinho de crap.

Bom, quanto a isso, não poderia concordar mais. Ora, mas crap music é divertido, às vezes. Brasileiro é cheio de desvalorizar o que vem do verde-amarelo, dizendo ficar envergonhado com o vôo de Teló pelo mundo. Mas, filhos da mãe gentil, entendam: nem todo mundo é Buarque ou Elis. Nem todo mundo nasceu para fazer poesia. Tem gente que contribui com um ritmo legal e nada mais. Outros interpretam e só. Se a faixa faz sucesso aqui e no mundo, é porque talvez sejamos ritmo e não poesia. Talvez oscilemos, ora ritmo, ora poesia. Ninguém é uma coisa só.

(Pratique o inglês) Preste a atenção nas letras e músicas que importamos todos os dias. De certo não está abrindo teus tímpanos para grandes sonetos e complexidades linguísticas em 90% das vezes.

Veja outra opinião sobre os sucesso de Michel Teló

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5 Comments on “Michel Teló na Billboard – Uma Opinião

  1. Não creio que seja esse o caso. Acho que está mais para um fenômeno de temporada. Todos os anos há uma música estúpida de país tropical subdesenvolvido que os gringos acham exótica. Foi assim com Macarena ou, mais recentemente, com Kuduro. Se com Michel Teló será diferente, só o tempo dirá.

    • Oi Beto
      Não discordo de você quando fala sobre a efemeridade destas musicas populares. Se me perguntasse se Michel Teló fica, apostaria no não. Meu comentario foi mais sobre este sentimento de “ai, ceus, que vergonha de exportar isso”, esta falsa vergonha que as pessoas vestem, com um pseudo pudor de “ai, se os gringos soubessem o que estao cantando….. delicia pra cá, delicia pra lá”, e dai?? E olha que nao sou a favor das letras de mau gosto, pornograficas como sao as de funk (a maioria, pelo menos). Mas o ritmo reconheco que é pra ninguem ficar parado mesmo. E isso, sim, é admiravel pra quem criou o batidão, o cara é bom de ritmo e é isso aé. Michel Teló deu sorte, só tá sabendo perpetuá-la. Mas isso é só uma opinião.

      Legal conversar contigo.
      Abraços 🙂

  2. Muito válido o posicionamento da Anna.

    Brasileiro tem essa ânsia de só querer ver fazendo sucesso lá fora músicas elitizadas(e por vezes supervalorizadas) lirica e melodicamente. Como se qualquer Michel Teló que os gringos descobrissem pudesse colocar em cheque a credibilidade de toda a música brasileira.

    O brasileiro tem essa mania em sua mente provinciana, de querer “causar uma boa impressão” para os gringos, boa impressão essa que geralmente é traduzida em querer exportar tudo o que a gente valoriza e não o que a maioria ouve de fato.

    Calma pessoal.
    Assim como no Brasil tem Elis Regina e Chico Buarque, também tem Calypso e Michel Teló, e o que gruda aqui gruda no mundo todo também.

    Tem música pra todos os gostos e ocasiões.
    Se o “nível caiu”, ou “as pessoas se contentam com qualquer música dançante e safada”, aí já é pauta pra outra discussão, perigando entrar no sinistro campo do gosto pessoal, e das inflamadas discussões sobre “valor artístico”.

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