Meu VHS: MTV VMA 1997

MTV_VMA_1997

Nunca fui uma criança muito comum (e isso não mudou tanto, mas não vem ao caso) e meus brinquedos preferidos incluíam meus discos e livros. Tomei gosto por música e clipes super cedo e me lembro de curtir o famigerado rock desde meus nove anos de idade (nessa idade, rock é famigerado, entendam). E isso sofreu uma guinada brusca alguns anos depois, em 1997, e muita coisa na minha vida parece ter sido definida ali naquele momento, o Video Music Awards da MTV.

Foi em 4 de setembro de 1997 (valeu, Wikipedia!), uma noite que eu gravei no meu VHS (sim, eu fazia isso) e reassisti muitas vezes (mas muitas mesmo) nas semanas seguintes. Por quê? Aos doze anos, sintonizei no canal (era antena, não cabo, então “sintonizei” mesmo) para ver algumas das bandas que mais gostava e acabei ganhando muitas outras – várias delas, ouço até hoje.

Só pra situar: Em 1997, não tinha Internet em casa e eu ouvia bastante rádio, mas vários daqueles artistas ainda não tinham “chegado” por aqui. E ouvir música ou assistir a clipes significava muito mais ir atrás do que eu já curtia do que conhecer coisas novas. E foi aí que tudo mudou.

Não vou entrar em uma discussão boba sobre a qualidade dos eventos da emissora de ontem e de hoje, mas basta dizer que eu, pelo que me lembro, entrei lá pra ver (e torcer)(sim, eu era desses que torcia pelos clipes concorrentes) o que eu mais ouvia na época: Foo Fighters, Spice Girls, Hanson, U2, No Doubt, Will Smith, Aerosmith e Blur (todos ou concorriam, ou se apresentaram na noite).

E foi naquela noite que ouvi pela primeira vez alguns nomes que foram importantes demais pra mim nos próximos anos: Prodigy, The Chemical Brothers (ambas responsáveis por um sonho momentâneo de ser produtor de música eletrônica – isso aos 13 anos, mais ou menos), The Wallflowers (uma das bandas que eu mais ouvi desde aquele dia até conhecer Coldplay), Dave Matthews Band (também, favorita da vida), Beck (um dos meus grandes “musos” até hoje) e Jewel (que, por ter lançado música nova nesta semana, foi a responsável por toda a inspiração pra este texto). Não tinha como ser diferente: A música, que já ocupava grande espaço na minha vida, se ancorou ainda mais em mim.

Olhando hoje praquela noite de 1997, eu fico impressionado com o grande número de shows e a grandiosidade deles (The Wallflowers recebeu Bruce Springsteen, Puff Daddy e Faith Evans receberam Sting, Jamiroquai se apresentou sobre esteiras, simulando o clipe de Virtual Insanity e Spice Girls cantou ao vivo mesmo (e com banda!) – algo que o grupo nem sempre fazia na época. Também é curioso ver Radiohead e Daft Punk indicados ao prêmio de Vídeo Revelação, enquanto Fiona Apple ganhou o de Melhor Artista Novo (e fez um discurso de “não ligue para o que a MTV fala que é legal, seja você mesmo”).

Naquele meio-para-o-fim de década, uma premiação dessas pode não ter significado muito para a música como um todo (apontou algumas tendências aqui e ali, mas era mais uma vitrine da indústria mesmo. Pra mim, porém, entrou pra história – a minha.

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