Melim Conseguiu Quebrar Barreiras no Pop BR

foto por eduardo orelha

Os nove meses que separam a primeira vez que Melim veio ao Música Pavê e o lançamento de seu álbum Eu Feat. Vc nesta sexta, 15 de maio, viram o trio de irmãos se tornar um sinônimo para a nova música pop brasileira, ao lado de nomes como Anavitória e Vitão. Suas canções trazem temas universais em teor contemporâneo, acompanhados da liberdade de dialogar com diferentes vertentes musicais.

É o que vemos nas oito faixas do disco, que conta com participações de Rael, Saulo e Lulu Santos. E foi sobre esses assuntos que Gabi Melim conversou com o site por telefone às vésperas do lançamento do álbum, sem esconder a empolgação por poder colocar mais um trabalho no mundo.

Música Pavê: Como foi a experiência de voltar ao estúdio para gravar Eu Feat. Vc já tendo a experiência do primeiro álbum nas costas?

Gabi Melim: A gente sempre viveu na música, já são dez anos fazendo isso, então isso já não é novidade há um tempo. Mas sempre é diferente, e dessa vez foi um marco por ter sido no Capitol Studios (em Los Angeles), por onde já passou muita gente importante, um lugar muito inspirador. Acho que esse respiro de entrar no estúdio é sempre diferente, mostra a renovação de um ciclo. Nosso primeiro álbum foi muito bem aceito, a ponto de ser o disco pop mais tocado no Brasil durante um período. E a gente nunca esperou que ele seria o número um de um segmento.

MP: Interessante você dizer isso, porque minha impressão é a de que as novas músicas são consideravelmente mais expansivas que as anteriores, e minha suspeita é a de que isso acompanha a noção que vocês têm do tamanho do alcance do seu trabalho.

Gabi: Isso é uma coisa que a gente foi vivendo. Quando saiu o primeiro álbum, existia a dúvida se ele era segmentado ou popular, porque nosso som tem coisas muito diferentes. Foi uma surpresa perceber que a gente estava em um mesmo festival que tinha pagode e sertanejo, vendo que aquele público também consome Melim, e, no outro dia, estar em um teatro super exclusivo. Isso quer dizer que a gente conseguiu quebrar barreiras. Acho que esse novo álbum retrata essa nossa fase mais adulta, mais vivida, talvez com um fiozinho branco no cabelo (risos). A gente começou a escrever na estrada, e isso traz também a energia de cada lugar. Embora eu não seja muito espiritual ao falar de composição – acho que ela tem um pouco de sentar e escrever, não de ser algo que vem do além -, acho que a energia de um lugar faz diferença, sabe? Às vezes, a gente estava com a adrenalina super alta depois de um show e ia escrever uma música. Esse disco foi feito dentro de uma rotina super cheia, diferente do primeiro, quando a gente tinha mais tempo pra escrever.

MP: Como é para vocês trabalharem esse pop sempre múltiplo, do reggae ao folk?

Gabi: Pra mim, isso é o mais legal da Melim. O que mais me dá prazer é saber que a gente pode arriscar um pouco de cada coisa, trazer um pouco de cada sonoridade, sem ter um teto artístico. Cada um traz suas influências também. E esse álbum está mais democrático em termos de vocal, a gente quis que cada um tivesse sua vez de cantar.

MP: Conversando com outras pessoas, percebo que Melim virou sinônimo também de um “pop romântico”. Vocês imaginavam que a banda seria entendida assim?

Gabi: Que legal. Eu não gosto muito de rótulos, porque acho que eles limitam a gente, mas esse universo da música tem disso, né? E por a gente não ter um limite nas referências, eu sempre falo que nosso som é good vibes (risos). Mas essa identidade romântica faz sentido, porque isso é o que move o mundo e a gente tem muitas músicas sobre amor mesmo, que é o sentimento mais forte que existe. Que legal que as pessoas identificam isso na gente. Mas cantamos de família, de amizade, não só de romance. É o amor em todas as formas.

MP: E por falar em Toda Forma de Amor (risos), Lulu Santos está no disco, assim como Saulo e Rael – com quem vocês já cantaram no álbum dele. Como foi a escolha dos convidados?

Gabi: Eu sou absolutamente fã dos três. Postei um vídeo cantando uma música do Lulu com ukulelê e ele mandou uma mensagem elogiando. Eu tive um leve derrame, estou me recuperando até hoje (risos), e ousadamente decidimos fazer um convite. Ele foi super generoso e topou de cara. Ele é uma referência muito grande para toda a música pop do Brasil, e não é diferente com nossa banda. Já Saulo a gente conheceu no Música Boa do Multishow. Ele é uma figura muito espiritualizada quando sobe no palco, uma pessoa de muita luz, e sua música fala muito de amor e paz. A gente quer cantar as coisas que a gente ama, daquilo que a gente emana pro universo e recebe de volta, o que tem muito a ver com a persona dele. E Rael é minha paixão máxima, sempre fui muito fã dele. Tenho um disco dele que está no meu carro há uns quatro anos, ganhei de um namorado na época. Eu costumo ouvir bastante rádio, mas, assim que começa a chiar, ou eu estou no túnel, aperto o botão e começa aquele disco. É muito bom poder chamá-lo de amigo hoje. Ele gravou algo que a gente mesmo escreveu, o que nem sempre acontece no rap.

MP: Para acabar, conta o que foi que você aprendeu sobre Melim ao trabalhar em Eu Feat. Vc?

Gabi: Acho que aprendi a ser mais nós e menos eu. Isso é um trabalho diário para os três, se enxergar no plural e não no singular.

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