Mazuli quer criar uma “onda de liberdade”
“Eu acho que, quando você vê alguém se expondo, seja na arte ou não, você se encoraja a se expor também”, contou Thiago Mazuli ao Música Pavê sobre o conteúdo pessoal de suas músicas. “A ideia é criar uma onda de liberdade”, continua ele, “a pessoa vê alguém se expondo e tendo algum resultado, aí ela pode começar a se expor também”.
Essa é a proposta de Desafogo, EP que chega em uma época de tantas angústias abafadas – os tais dos sentimentos entalados na garganta. Ao longo de suas cinco faixas, Thiago dá voz ao que nossa geração compartilha internamente, com medo de externalizar: “São sentimentos muito humanos”, conta ele, “a gente fala com intensidade das coisas que todo mundo tá vivendo”.
Musicalmente, Mazuli também se mostra em par com o que acontece na produção musical no país. “Não acho que nossa sonoridade é estritamente pernambucana”, ele diz, “nossa instrumentação vem de uma coisa que rolou no Brasil inteiro nos anos 70”, e cita Céu e Cidadão Instigado (dois artistas de outros estados) como principais referências.
O músico conta que teve uma criação “conservadora, de certa forma, e nunca fui encorajado à arte”. À medida que amadurecia, sua inclinação para as composições começou a aparecer: “Quando eu tinha uns 18 anos, comecei a escrever. As letras foram saindo muito rápido, quase um vômito – ou um ‘desafogo’ mesmo. Fui falando das coisas que eu nunca tinha falado, e algumas eu nem tinha me dado conta ainda de que sentia”.
“Acho que, em todos esses momentos de repressão e de tensão, a arte é um grande contraponto e um grande contra-ataque”, comenta Thiago sobre o papel que sua música tem no Brasil hoje, “tem muita gente lançando coisa muito boa talvez justamente por essa tensão. Isso acontece na música, no teatro também – que eu vejo muito em Pernambuco -, acho que isso termina fomentando muita coisa. Porque esse cenário deixa a gente triste e pra baixo, a gente tem que dar um jeito de estar bem”.
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