Marcelle: “Eu precisava desanuviar também”
DiscoNexa, terceiro álbum da sergipana Marcelle, chega em um momento muito particular para a música autoral brasileira de cunho pop – essa que coloca qualquer um para dançar e cantar junto em qualquer festinha ou grande festival. Talvez esse movimento aconteça para equilibrar e aliviar uma época tão atribulada como esta que estamos vivendo.
“Pensei muito nisso enquanto produzia o disco”, contou ela ao Música Pavê por telefone, “a gente num momento tão critico e o álbum tão dançante. Depois, eu vi que isso fazia muito sentido, porque eu precisava desanuviar também, porque a gente anda pelas sombras, à margem de um conservadorismo que engole tudo. Quanto mais a gente puder gritar de liberdade, alegria e tesão, tá valendo”.
“Eu sinto que eu preciso exaltar a liberdade, preciso ser um corpo político mesmo que eu esteja falando de um assunto leve. Eu tenho a sorte de poder fazer o que eu quero, de ter pessoas entrando na minha viagem comigo. Isso pra mim já é uma sorte, porque muita gente nem isso consegue fazer. Preciso fazer política com entretenimento, que chegue nas pessoas fora da nossa bolha e elas entendam que a liberdade precisa ser respirada e sentida, que está tudo bem com os corpos e com a gente se soltar”.
Com produção de Samuel Fraga, DiscoNexa se coloca em paralelo com o pop feito no país hoje em dia não só por seu espírito livre e dançante, mas também pela intenção clara de abraçar a música brasileira. “Eu sempre busquei isso no meu som”, conta a artista, “porque eu sou nordestina e o meu lugar de musica na adolescência era esse do arrocha e do axé. Essencialmente, eu componho assim também porque é o que me vem de mais íntimo e puro. Para mim, sempre foi um caminho natural. No outro disco (Equivocada, 2017), a gente também já trazia essa brasilidade, esse regionalismo, que agora ficou mais eletrônico”.
O álbum teve também algumas de suas músicas apresentadas ao vivo antes de sua produção, o que, segundo Marcelle, ajudou no amadurecimento dos arranjos. Ela conta também que observa o novo disco “como a evolução do meu trabalho”, já que ela vem “trazendo mais da minha personalidade para a música. A minha evolução pessoal caminha junto da minha discografia”.
DiscoNexa tem seu show de lançamento neste sábado, 07 de setembro, no Sesc Avenida Paulista, às 17h30. Os ingressos custam de 9 (credenciados Sesc) a 30 reais.
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