Malía É Singular Também no Coletivo

“O mais legal do meu trabalho é que ele é pautado por uma singularidade muito grande. E, nisso, eu me conecto com terceiros. Eu acredito que o caminho que eu traço é especial por isso, é o que me faz ser diferente” – Faltando algumas horas para o lançamento de seu mais novo single, a cantora carioca Malía sentou com o Música Pavê em uma chamada de Zoom para conversar sobre Onda, sua parceria com Léo Santana, e o momento em sua carreira em que esse single chega.

Natural da Cidade de Deus, a cantora vem trabalhando um grande desapego a estilos musicais e trilha um caminho, de fato, singular ao dialogar com diferentes vertentes do pop, principalmente o brasileiro. “O que é um gênero em sua solidez?”, comenta ela, “as pessoas sempre me perguntam ‘o que você canta?’, aí eu entrei em uma busca incessante e encontrei o Trapcal – que é a mistura do Trap, com o que ele representa (a tecnologia na linguagem) com o ‘cal’ de ‘tropical’. Gosto de trazer texturas novas. É legal ter uma paleta de cores diferentes”.

A nova música, por exemplo, tem como proposta ser o encontro entre o funk carioca e o pagode baiano – aquele no qual Léo é fluente. “E a música ainda foi feita em Los Angeles pelo Mario Caldato”, acrescenta Malía, “é uma loucura, é o Brasil globalizado (risos)”.

Sobre a parceria, a artista frisa que “esse feat aconteceu por um motivo: Eu acho o Léo muito bom, vi ele no palco e falei ‘esse cara é incrível’. E ele traz um caminho [estético] diferente do que eu vinha fazendo”. “Uns dois anos atrás, eu falei ‘preciso criar contexto em que faça sentido essa música acontecer para mim e para o Léo’. Fui com meu jeito traçando a minha própria oportunidade, até que um dia eu mandei mensagem para ele e ele respondeu, porque já me conhecia por eu ter ido a seus shows e gravação do DVD”, comenta ela.

Sobre trabalhar com ele, Malía comenta que foi uma experiência de grande aprendizado profissional. “Procuro sempre entender como essas pessoas organizaram seus processos de trabalho”, explica ela, “o Léo, por exemplo, é incrível em como se organiza para suas entregas. Meu assessor pede um vídeo e ele, fazendo um milhão de coisas, aparece lá duas horas depois com o vídeo feito”.

Foi positiva também a experiência de gravarem o clipe de Onda juntos. “Ele é exemplar em construir um clima para que todo mundo trabalhe de maneira confortável”, relembra ela, “era uma festa, as pessoas tinham que estar se sentindo bem. Estava calor, tirei o casaco do figurino das pessoas, [porque] ninguém vai passar calor no meu clipe (risos). E o Léo é muito astral, ele também tem muito essa vibe, então foi consequência o clipe sair com uma energia legal”.

Ainda falando sobre a oportunidade de estar com outros músicos – Malía já esteve também com Jão e até Alcione, por exemplo -, ela conta: “Sou romântica no sentido de [pensar que] – pelo amor de Deus – precisa existir no Brasil um grupo de artistas que conversem entre si e criem algo para além de seus lançamentos pessoais. Eu sinto falta de ter essa cena em que as pessoas consigam sentar e pensar para além dos lançamentos e números”. E, para finalizar os comentários sobre trabalhar com Léo Santana, Malía conclui: “Fazer uma colaboração não é só ter alguém famoso participando de sua música, mas é você ser reconhecida pelo seu trabalho. E isso é incrível”.

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