Maglore: “Estamos reaprendendo a tocar nossas próprias músicas”

foto por renata monteiro

Quem acompanhou Maglore nos últimos 15 anos – mesmo que timidamente, observando de longe – sabe que a potência de seu show sempre foi proporcional à beleza de suas músicas. Para comemorar esta década e meia na estrada, a banda veio com a proposta de se concentrar mais nessa tal beleza, no valor de suas composições, arranjos e interpretações, em um formato muito conhecido, como mostra o recém-lançado disco Acústico.

Se o DVD de 2019 mostrou tão bem a energia do quarteto ao vivo, o novo show apresenta outras qualidade. “Eu saio com a voz inteira, limpa, não suo, não canso fisicamente”, conta Teago Oliveira ao Música Pavê, “mas, mentalmente, estou esgotado. É muito detalhezinho que tenho que prestar atenção toda hora: Afinação, interpretação, dinâmica, praticamente estamos reaprendendo a tocar nossas próprias músicas. E isso é massa”.

Teago, que assina a produção do disco, conta que nunca teve a vontade de trabalhar este formato. “A ideia começou porque faltou luz em um show que fomos fazer no Cine Joia, e aí pegamos os violões. A galera ficou louca e começou a pedir ‘grava um acústico’, sempre martelando essa ideia”. Tempos depois, Maglore estava no estúdio gravando uma música inédita, Tela Quente, “com muitas guitarras, tipo um power pop”, nas palavras do músico, e a ideia retornou.

“Estávamos no estúdio de Bruno Orsini, e ele tem um Gibson que é basicamente um violão usado no Woodstock original, em 69”, conta o músico, “e pensamos em tirar as guitarras e deixar só o violão, que tem um som tão foda. Não queríamos lançá-la antes, porque faltava alguma coisa nela, não estava rolando. Aí falaram ‘e se for uma falta, mas um excesso, e tirarmos uns elementos?’. Minha reação foi rir, falei ‘não, galera’, mas aí escutamos sem as guitarras e adoramos”.

Além da inédita Tela Quente, outra música quase inédita no álbum é Não Existe Saudade no Cosmos, composição de Teago gravada por Erasmo Carlos. Para montar o repertório, Maglore pensou em “reaproveitar músicas que queríamos que tivessem uma linguagem diferente hoje em dia”, conta o músico, “vamos refazer essas músicas, porque a banda hoje é muito diferente. Começamos a gravar e curtimos muito o processo – ‘nossa, como essa música é legal’ (risos)”.

“Não queríamos fazer um disco de escolhas óbvias”, explica Teago, “ensaiamos Ai Ai, Se Você Fosse Minha… e elas ficaram horríveis (risos) em um nível, assim, de não conseguirmos terminar a música de tanto que ríamos. Muito nada a ver, ficam toscas, não têm a alma da banda, ficam uma coisa meio banda que está no início, tocando no barzinho. E somos muito noiados, né? Maglore é um bando de nóia estético”.

Teago explica também que parte do repertório se deu pelas opções do que ficaria melhor ao vivo. No show Acústico, Maglore toca 23 músicas, não só as doze que estão no disco, incluindo sucessos como Dança Diferente. Mas, se tratando do álbum, ele define as músicas escolhidas como “lado B”, mesmo contando com grandes sucessos, incluindo um gran finale com a dupla Calma e Mantra. “São músicas que nos orgulhamos muito de termos feito”, conta ele, “são canções longevas, que é algo que Maglore acredita muito. São músicas que você escuta em um dia ruim e te dá uma tranquilizada”.

Escutar Acústico é participar das comemorações dos 15 anos de uma banda que segue em reinvenção. “Sinto que tenho um dever cumprido com Maglore, deixei uma obra massa”, diz Teago, que afirma também que um novo disco de inéditas vem por aí, assim como um segundo álbum solo: “As músicas estão todas aí, só falta tempo de organizar e gravar tudo”.

Curta mais de Maglore e de Teago Oliveira no Música Pavê

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