Luedji Luna quer “sair da bolha da MPB e dialogar com outros gêneros”
“Sou feliz fazendo o que faço”, contou Luedji Luna ao Música Pavê por telefone às vésperas de sua apresentação na 9ª edição da Virada Sustentável em São Paulo. Seu show (no dia 25, às 19h, no Parque do Ibirapuera) segue trabalhando o repertório de seu primeiro álbum, Um Corpo no Mundo (2017), obra que inseriu a cantora de vez na categoria de vozes que têm marcado esta geração da música brasileira.
A artista baiana comenta que existe uma demanda de mercado para que ela volte ao estúdio para um novo álbum, mas que essa “é uma decisão que precisa ser muito honesta com o meu trabalho. Eu poderia já ter lançado um outro disco, mas preferi experimentar mais. Não tenho pressa não. Um Corpo no Mundo ainda é muito novo, completa dois anos em outubro”.
Festivais como o deste fim de semana não são raros na agenda de Luedji, que tem tocado em diferentes situações de palcos e público pelo país. Essa movimentação traz também o contato com diversos outros músicos, com quem ela tem estabelecido relações também criativas.
“Tem sido muito frutífero”, diz a cantora, “tenho feitos várias composições em parceria e participações em outros discos. Estreitei minha relação com o rap, fiz um EP com DJ Nyak e participações de outros artistas de outros cenários, não só da MPB, que tem me dado bom feedback“.
“A troca, esse diálogo, é um processo natural. Para mim, o mais importante é sair da bolha da MPB e conseguir dialogar com outros gêneros”, afirma Luedji, “tenho experimentado outros caminhos de composição. Nunca compus com beat e hoje já faço isso, já tenho experimentado essa linguagem. Tenho aprendido muito sobre outros caminhos estéticos e isso provavelmente vai atrevessar meu próximo disco”.
“O fato de estar transitando por tantos caminhos deixa as pessoas mais curiosas sobre o que [meu próximo álbum] vai ser”, comenta a artista, “elas estão surpreendidas de antemão pelo que tenho lançado e querendo mais surpresas”.
“Eu percebi que, no meu processo, acho que minha preocupação maior é com o conteúdo e com o som do que com a estética, no sentido de pensar figurino ou cenário. Um Corpo no Mundo saiu muito bruto, eu não tive essa preocupação artística – respeito quem tenha, mas acho que o meu show nao é imagético, ele é sensitivo. Aprendi também que sou bastante controladora nos processos, me meto em tudo. Estava envolvida na mix, na master, em tudo. Gosto de ter o controle de toda a produção”.
Durante as apresentações recentes de Um Corpo no Mundo, Luedji tem feito experiências com pequenas inclusões no repertório, resultantes dos processos que ela tem vivido antes de gravar seu segundo álbum – que ela diz já ter “um nome e um norte” para sua concepção. “Vai ser música e vai ser música honesta”, conta ela, “minha preocupação é essa (risos) fazer uma parada verdadeira mesmo. Vai ser como tem que ser”.
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